Folha de S. Paulo


Clínicas têm filas de 5 horas para vacina de gripe e estendem horário

Com filas de até cinco horas, clínicas que oferecem a vacina contra a gripe em São Paulo tiveram que estender o horário de atendimento neste sábado (2). Famílias têm feito uma odisseia por centros imunológicos em busca da vacinação.

O surto fora de época da gripe H1N1 provocou a corrida às clínicas em busca de vacinação. São 465 casos de síndrome respiratória aguda registrados em todo o Estado, sendo 372 comprovadamente ligados ao vírus H1N1. Ao todo, 55 pessoas morreram no Estado de São Paulo, segundo o mais recente levantamento da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, de 1º de abril.

O professor de inglês Michael Ferreira Silva, 31, e a mulher Mariana, 27, saíram de casa, na Mooca, zona leste, nas primeira horas da manhã. A preocupação era com os filhos Mateus, 5, e Thomas, de 5 meses. Consultaram clínicas na vizinhança, foram até Moema, depois Vila Prudente, mas não conseguiram a vacina.

Às 11h30, garantiram uma senha na Clínica Croce, na Heitor Penteado, zona oeste. "Entregaram uma senha e deram certeza que vão atender, já é um alívio", disse ele. O atendimento foi feito às 15h, quase 3h30 depois de chegarem.

Até o meio da tarde a fila ainda ocupava a calçada. A clínica abriu às 8 horas e, segundo funcionários, cerca de mil doses foram aplicadas neste sábado. Na sexta-feira (1), foram 600 doses só na parte da tarde.

Normalmente aberta ate as 12h de sábado, o horário foi estendido até as 18h para garantir todos os atendimentos. A equipe ainda foi reforçada e cinco enfermeiros trabalhavam neste sábado - normalmente, só um faz plantão no fim de semana.

A estilista Ana Cristina Melo, de 46 anos, chegou às 8h30. Cinco horas depois, às 13h30, ainda aguardava ser chamada. "Meus filhos nunca tomaram a vacina, achei melhor trazer porque os casos que têm surgido estão perigosos", diz ela, que levou os filhos Pedro, 13, e Lia, 10.

Com sol quente, Ana tentava manter o bom humor. "Estamos aqui só comendo Fandangos, vamos acabar doentes", brinca. "Mesmo assim eu prefiro a fila do que tomar injeção", disse filha Lia.

O advogado Murilo Nassif, 34, também chegou antes das 9h. Mesmo levando o filho Caio, de 15 dias, teve de esperar a manhã inteira. "Como moro perto, minha mulher e eu estamos se revezando na fila e deixando ele casa na maior parte do tempo", diz ele, com filho Theo, 8, nos braços à espera da vacina.

Vice-presidente da Sociedade Brasileia de Imunização, o médico Renato Kfouri explica que a oferta de vacinas no mercado tem sido menor do que a procura, o que tem provocado filas. "Todo mundo foi pego de surpresa pela precocidade do surto de gripe, que começou com casos graves", disse ele, que é proprietário da clínica Pro Vaccina.

Um novo lote de 200 doses da vacina deve chegar somente na segunda após o almoço. "A vacinação é de acordo com o estoque de vacina e a capacidade do serviço. É uma situação atípica."

Na Pro Matre, Bela Vista, região central, a fila também foi longa pela manhã. Já à tarde, por volta das 16h, o movimento estava tranquilo e quase não havia espera.

"Viemos três vezes nos últimos dias e desistimos por causa da fila", disse a analista Paula Augusti, de 37 anos, que levou a filha Julia, 2, para a vacinação. Teve sorte e não pegou fila. "Vimos as notícias e ficamos com medo, agora da para respirar com tranquilidade."


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