Folha de S. Paulo


Mostra reúne filmes árabes e relatos de imigrantes que 'tomaram' a rua 25 de Março

A rua 25 de Março, uma das protagonistas da cena comercial de São Paulo, virou também estrela de cinema.

No ano passado, a Mostra Mundo Árabe de Cinema, em sua décima edição, promoveu uma competição de curtas-metragens sobre esse trecho do centro paulistano.

Com "Arabescos - Do Mascate ao Doutor", a documentarista Beatriz Le Senechal, 33, venceu a disputa.

No filme de cerca de 15 minutos, árabes e seus descendentes relatam a chegada das famílias ao Brasil, a "tomada" comercial da rua e a gradativa mudança, com a chegada de outros imigrantes, como sul-coreanos.

Le Senechal destaca, no contato com os entrevistados, a força do senso de união, comunidade e família e, ao mesmo tempo, a facilidade de integração à cultura brasileira.

"Era recorrente ouvir dos comerciantes entrevistados que seus avós ou seus pais vieram tentar a sorte por aqui no início do século 20 e nunca mais voltaram aos seus países de origem", relata a diretora.

Trailer de "Arabescos"

FORÇA

Entre agosto e setembro deste ano, a Mostra Mundo Árabe de Cinema vai chegar à 11ª edição, quando deve exibir cerca de 25 filmes.

No seu aniversário de dez anos, o festival organizado pelo ICArabe (Instituto da Cultura Árabe) levou cerca de 10 mil pessoas a sessões de 37 filmes em São Paulo, Rio, Vitória e Belo Horizonte.

Entre os sucessos de 2015 estava o jordaniano "O Lobo do Deserto", de Naji Abu Nowar, indicado a melhor filme estrangeiro no Oscar 2016.

"O cinema árabe vive um momento de expansão atualmente, com festivais em diversos países da Europa e a crescente importância dos festivais nos países árabes", diz Geraldo Godoy de Campos, que é curador e organizador da mostra.

Campos destaca, porém, que é complicado definir um cinema árabe, sob escolas e estilos muito diferentes. Ele destaca que o cinema árabe tem no Brasil uma audiência cativa, em busca de produções de qualidade, que por vezes contam histórias com aspectos não muito distantes da realidade brasileira.

"O público do festival é majoritariamente composto de pessoas sem ascendência árabe", diz o organizador.


Endereço da página:

Links no texto: