Médicos devem orientar os pacientes a fazerem exames de sífilis, HIV e hepatite B e C. A medida faz parte de uma nova recomendação do Conselho Federal de Medicina que passa a valer a partir desta terça-feira (15).
O objetivo é tentar aumentar o diagnóstico de doenças infecciosas no país, acelerar o tratamento dos pacientes e diminuir o risco de transmissão.
"No Brasil, cerca de 25% dos casos de HIV são diagnosticados quando o paciente já está em estágio avançado de imunossupressão [com baixa atividade do sistema imunológico]", afirma o infectologista Dirceu Greco, membro da câmara técnica que estudou a medida.
Segundo o CFM, a recomendação é direcionada a todos os médicos do país, independentemente da especialidade. A ideia, informa o conselho, é que profissionais orientem os pacientes que ainda não tenham feito testes a realizá-los. O mesmo vale no caso das vacinas –caso da hepatite, por exemplo.
Apesar de recomendada, a realização de exames, no entanto, não é obrigatória, informa.
John Gress/Reuters | ||
Exemplar do produto disponível nos EUA que detecta HIV pelos fluidos da gengiva |
NOTIFICAÇÕES
O CFM orienta ainda que todos os casos de infecções confirmados sejam notificados às secretarias estaduais de saúde, respeitando "a privacidade, sigilo e confidencialidade".
A medida ocorre em meio ao avanço de algumas infecções no país. Em fevereiro, a Folha mostrou que, em sete anos, a quantidade de casos notificados de sífilis congênita (transmitida de mãe para filho) quase triplicou, e a estimativa do próprio governo federal é de avanço preocupante em 2016.
Nota técnica do Ministério da Saúde projeta 41.752 casos de gestantes com sífilis neste ano e 22.518 em bebês caso a tendência persista.
Outro cenário que preocupa o governo é o crescimento na taxa de detecção de Aids entre jovens. Enquanto a taxa de detecção de Aids apresenta queda no Brasil, a epidemia continua a crescer entre os jovens.
Em 2004, a taxa de detecção da doença entre pessoas de 15 a 24 anos era de 9,5 casos a cada 100 mil habitantes. Em 2014, esse índice passou para 13,4 casos a cada 100 mil habitantes -aumento de 41% no período.
sífilis congênita - Taxa de detecção, por mil nascidos vivos