Folha de S. Paulo


Em noite de terror, ladrões explodem e assaltam transportadora em Campinas

Denny Cesare/Codigo19/Folhapress
Policiais e funcionários da Protege em frente a cratera aberta na parede pela explosão
Policiais e funcionários da Protege após explosão e assalto a unidade da empresa, em Campinas (SP)

Com bombas e fuzis, cerca de 20 homens assaltaram uma transportadora de valores na madrugada desta segunda-feira (14) em Campinas, no interior de São Paulo. É o segundo caso em apenas quatro meses. O primeiro ocorreu em novembro do ano passado e, até agora, ninguém foi preso.

Segundo a Polícia Militar, os criminosos chegaram à unidade da Protege, no bairro São Bernardo, região sudoeste da cidade, e explodiram, com ajuda de bombas, três paredes (uma externa e duas internas) até chegar à sala-forte da empresa, onde fica o dinheiro.

Ao mesmo tempo, a fachada e a guarita dos vigias foram alvejadas por disparos de armas de grosso calibre. Segundo a Polícia Civil, foram usados fuzis com capacidade de derrubar helicópteros. A ação, segundo a polícia, durou quase 90 minutos. Os ladrões fugiram em seguida. O valor roubado não foi revelado.

Para impedir a chegada dos policiais, os criminosos atearam fogo em três veículos no trevo entre as rodovias Anhanguera e Santos Dumont, e também jogaram pregos na pista. Os acessos para a pista norte da Anhanguera ficaram fechados até as 8h30, segundo a Autoban. O congestionamento foi de 2 km.

Carros da Protege que ficam em um pátio próximo à empresa também foram alvejados e os vidros ficaram estilhaçados.

Não há registro de feridos. Até o momento, ninguém foi preso. Os funcionários da Protege voltaram ao trabalho nesta manhã.

"O que podemos dizer até agora é que trata-se de uma quadrilha muito bem organizada e ousada. Nós não descartamos que seja a mesma que atuou no assalto de novembro à Prosegur", disse Marcelo Hayashi, chefe de investigação. "Estamos atrás de provas e testemunhas", completou.

DESTRUIÇÃO

O teto do prédio foi danificado e prédios vizinhos também foram atingidos. Um galpão em frente a unidade, onde funciona uma igreja, ficou com a fachada danificada. Os vidros se estilhaçaram e partes da bomba perfuraram o portão de aço e atingiram um veículo que estava no interior.

"A gente ainda contabiliza o prejuízo. O estrago foi grande, mas ainda bem que ninguém ficou ferido", disse Nelson Matos, 67, administrador. Ele afirmou ser responsável pelo prédio da igreja e que foi avisado às 5h por moradores do local da ocorrência. "Foi um grande susto", disse.

Eric Alves Vaz Pereira, 26, afirmou que mora no quarteirão vizinho à empresa e que os tiros e as explosões foram ouvidos das 4h até perto das 5h30. "Eram tiros sequenciais, muito fortes. Eu e minha mãe acordamos assustados e tentamos nos proteger na sala dos fundos de casa", disse.

Ele contou que ao ouvir a primeira explosão, já imaginou que era um assalto à sede da empresa. Em março do ano passado, o mesmo prédio foi alvo dos criminosos. "Porém, esse assalto foi muito pior, muito mais destrutivo", disse Pereira. Ele reclamou da permanência da empresa no bairro.

"A minha dúvida é uma empresa desse porte permanecer em um bairro residencial. Isso traz muito perigo aos moradores", disse o morador. "O São Bernardo é um bairro antigo, tem muitas residências, muitos idosos, escola, e essas pessoas poderiam ser sido vítimas da ação", disse Pereira.

Em nota, a Protege informou que aguarda a apuração dos fatos e que colabora com as autoridades policiais na investigação. A empresa confirma que valores foram roubados, mas não informa quanto.

Moradores do bairro São Bernardo fazem um protesto em frente à sede da Protege na tarde desta segunda (14). Eles pedem a mudança de endereço da empresa. Um abaixo-assinado foi organizado. A Polícia Militar acompanha a manifestação.


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