Folha de S. Paulo


Chuva intensa deixa 19 mortos, 1.599 desalojados e 145 desabrigados em SP

Chuvas em São Paulo

A Grande São Paulo e algumas cidades do interior do Estado foram atingidas por uma chuva incomum entre a noite de quinta (10) e a madrugada de sexta (11). Em algumas localidades, choveu nesse intervalo o equivalente ao esperado para todo o mês de março.

O resultado foram deslizamentos de terra e enxurradas. Ao menos 19 pessoas morreram, a maioria delas soterrada, e outras 6 permaneciam desaparecidas até o final da noite de sexta-feira. Outras 1.744 ficaram sem casa, desalojadas ou desabrigadas, segundo a Defesa Civil estadual.

A Folha fez uma cobertura em tempo real aqui.

Os maiores estragos ocorreram na região metropolitana, com oito mortos em Francisco Morato e quatro em Mairiporã. No interior, dois homens morreram afogados em Itatiba, na região de Campinas.

Na capital, não houve vítimas, mas muitos transtornos. O trânsito pela manhã foi recorde do ano, com 177 km de congestionamento às 8h30.

A chuva, segundo a prefeitura, provocou o transbordamento dos rios Pinheiros e Tietê, o que não acontecia ao mesmo tempo havia 11 anos.

Rodovias que ligam a capital ao interior e ao litoral também foram atingidas, como a Dutra (queda de barreira) e a Anhanguera (alagamentos).

Trens da CPTM e do metrô circularam com lentidão. No aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, a chuva alagou uma subestação de energia –luzes da pista se apagaram, e o aeroporto ficou fechado entre a meia-noite e as 6h. De 0h às 20h, 44% dos voos atrasaram.

Marcelo Schneider, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), afirma que uma conjunção de diferentes fenômenos climatológicos se encontram em SP, o que causou essa longa tempestade. "A chuva da última noite não foi curta e intensa. Ela foi duradoura e intensa", afirma.

Schneider explica que a chuva sobre a Grande SP, que também atingiu o interior, veio em quatro "ondas": 1) pancadas isoladas às 12h de quinta; 2) tempestade no fim da tarde; 3) chuva mais intensa entre as 22h e as 23h; 4) nova tempestade na madrugada.

A chuva foi tão forte que uma represa do Cantareira passou rapidamente de 35% para 99% de sua capacidade. Para evitar que se rompesse, a Sabesp abriu as comportas e liberou parte dessa água, ampliando a cheia em algumas cidades da Grande SP.

SEM CASA

Segundo números Defesa Civil estadual, atualizada às 20h desta sexta-feira (11), 145 pessoas estão desabrigadas e outras 1.599, desalojadas (na casa de familiares ou amigos). Os casos são registrados em sete cidades: Francisco Morato, Mairiporã, São Roque, Itupeva, Atibaia, Sorocaba e Cabreúva.

A Defesa Civil informou que o número ainda pode ser atualizado.

O registro de algumas prefeituras é diferente dos dados do órgão.

Em Francisco Morato, por exemplo, o município registra 320 desalojados e 29 desabrigados. A Defesa Civil registrava somente 200 desabrigados.

A prefeitura de Franco da Rocha informou que mais de 200 famílias foram para casa de parentes. Outras quatro famílias foram levadas para abrigos.

O Corpo de Bombeiros informou que seis pessoas continuam desaparecidas. São 19 mortes confirmadas e 19 feridos.


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