Folha de S. Paulo


Teatro que custou R$ 10 milhões no litoral de SP está fechado desde 2013

Um teatro de 2.428 metros quadrados, que tem capacidade para 450 pessoas e custou R$ 10 milhões aos cofres públicos, está fechado desde 2013 em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo.

Situado no centro da cidade, o espaço foi inaugurado pelo então prefeito Eduardo César (DEM), em julho de 2012, sem o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros), e funcionou poucas vezes, para peças e eventos.

Em janeiro de 2013, com a mudança de gestão, o prefeito Maurício Moromizato (PT) interditou o teatro, que é o único da cidade.

Segundo ele, a medida foi motivada por irregularidades na construção pela falta do AVCB, o que traria risco aos frequentadores.

Ricardo Hiar/Folhapress
Teatro com capacidade para 450 pessoas que custou R$ 10 milhões está fechado desde 2013 em Ubatuba
Teatro fechado desde 2013 em Ubatuba, no litoral norte de SP; segundo ex-secretário, interior do local está deteriorado

A administração entrou na Justiça contra a construtora Scopus para que as obras fossem adequadas ao projeto. Um perito judicial constatou as irregularidades.

Um laudo do Corpo de Bombeiros de janeiro de 2013 apontou falta de detectores de fumaça em locais obrigatórios, de barras antipânico nas saídas de emergência e de pontos de exaustão mecânica de fumaça, entre outros problemas.

PROJETO

Segundo o tenente Roberto Adashi, responsável pela corporação no litoral norte, na época da construção o projeto apresentado foi aprovado pelos bombeiros, mas a construtora não cumpriu o que estava previsto.

Para Adashi, todas as irregularidades são reparáveis. Segundo ele, a Scopus e a prefeitura têm a relação do que precisa ser arrumado.

"A partir do momento que corrigirem esses itens, eles solicitam nova vistoria", diz. "Nós realizamos e, se estiver tudo OK, emitimos o AVCB."

A prefeitura, porém, alega que precisa aguardar uma definição da Justiça para solucionar os problemas.

Para Robertson Martins, que foi secretário de segurança da atual gestão e analisou o caso antes de deixar o governo, a prefeitura pode fazer as adaptações necessárias antes do fim do processo.

"Não queremos que o teatro seja aberto como está. Mas os problemas poderiam ser solucionados em 40 dias de reforma. Hoje o espaço está numa situação de abandono, com calha entupida, mofo em algumas cadeiras e no carpete, forro caindo. Não podemos deixar que ele se deteriore por completo", afirmou.

A Folha tentou contato com o ex-prefeito Eduardo César e com a construtora responsável pela obra do teatro, mas não obteve retorno.

MOVIMENTO PRÓ TEATRO

A atriz Cristina Prochaska, que ficou conhecida por sua atuação em telenovelas nas décadas de 1980 e 1990, mora em Ubatuba e lidera um movimento que reivindica a reabertura do teatro.

Para Cristina, a prefeitura se nega a pagar um valor "ínfimo", estimado em R$ 200 mil, para a adequação.

Artistas como Lúcia Veríssimo e Paulo Betti, entre outros, postaram vídeos nas redes sociais pedindo ao prefeito que reabra o local.

"Aquele teatro é maravilhoso por dentro, tem uma estrutura excelente. O que queremos, como cidadãos e artistas, é que possamos utilizar um espaço que é nosso", disse Cristina Prochaska.


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