Folha de S. Paulo


Pesquisa encontra vírus da zika em pernilongo comum

Uma pesquisa da Fiocruz em Pernambuco identificou a presença do vírus da zika no mosquito Culex quinquefasciatus, o pernilongo comum.

Alguns resultados do trabalho, que ainda está em andamento, foram divulgados pelo "Jornal Nacional", da TV Globo.

Pesquisadores infectaram 200 mosquitos e analisaram glândulas salivares e aparelhos digestivos dos insetos. A ideia é tentar identificar se os pernilongos conseguem, sozinhos, transmitir a zika.

Os resultados ainda são preliminares, e é preciso checar se os mosquitos podem ser infectados em ambientes naturais e se conseguem transmitir a doença aos seres humanos. O estudo vai ser concluído, segundo o jornal, em até oito meses.

"A gente viu que existe uma facilidade na infecção e uma facilidade da disseminação do vírus para a glândula salivar, mostrando que o vírus conseguiu escapar de algumas barreiras do mosquito", disse Constância Ayres, entomologista e coordenadora da pesquisa, ao jornal.

Avener Prado/Folhapress
RECIFE, PE, BRASIL, 29-01-2016: Micaela Souza e sua filha Anika Souza, durante atendimento no Hospital Osvaldo Cruz no Recife-PE. O hospital esta atende. o hospital trata bebês com microcefalia, uma malformação que está associada ao contágio das mulheres grávidas pelo vírus zika, transmitido pelo mosquito _Aedes aegypti_, cujo surto eclodiu em 2015 no país e em grande parte da América Latina. (Foto: Avener Prado/Folhapress, COTIDIANO) Código do Fotógrafo: 20516 ***EXCLUSIVO FOLHA***
Mãe no hospital Oswaldo Cruz, no Recife, que atende bebês com suspeita de microcefalia

A inquietação surgiu ao perceberem que na Micronésia Francesa, em 2007, quando foi registrado o primeiro surto da doença, havia uma população ínfima de Aedes aegypti, mosquito que é o vetor da doença no Brasil, e uma infestação preocupante de Culex.

"Em ambientes silvestres foi encontrado o vírus zika em outros tipos de aedes e no Culex. Por que na área urbana haveria apenas um vetor? É isso que queremos entender", afirmou Ayres à Folha, em janeiro.

"Ao contrário do Aedes aegypti, o Culex coloca seus ovos em água suja, como fossas e esgoto. Então, será preciso priorizar o saneamento básico em todo o país", disse a pesquisadora na ocasião.

O pernilongo tem hábitos distintos do Aedes, o que, segundo Ayres, aumentará a necessidade de a população redobrar os cuidados para não ser infectada. "Enquanto o Aedes aegypti se alimenta do sangue humano durante o dia, o Culex faz isso à noite", disse.

Doenças transmitidas pelo Aedes aegypti


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