Por trás das cortinas de casa, a professora aposentada Nancy Lobo, 81, observa a movimentação em frente ao seu portão. Um homem anuncia ser da prefeitura, em uma ação contra o mosquito Aedes aegypti.
Ela titubeia um pouco, mas olha para os dois soldados fardados do Exército que acompanham o agente de saúde e libera a entrada de sua casa.
"Eu não abro a porta para qualquer um. A gente fica apreensiva. Só tive mais segurança por causa do Exército", conta ela, que mora em Santana. Parte do bairro da zona norte de São Paulo passou nesta terça-feira (16) por uma operação de caça às larvas do aedes promovida pela prefeitura e pelo Exército.
Maurício Tavares, agente de endemias da prefeitura, confirma que a presença do Exército diminui o número de donos que se negam a abrir suas casas para vistorias. "Sem os soldados, as pessoas têm medo. É mais complicado que elas confiem na gente."
Enquanto procura por focos do mosquito, Tavares dá aos proprietários dicas de prevenção contra a dengue, a chikungunya e a zika. Os soldados que acompanham o trabalho pouco falam ou auxiliam nas buscas por larvas. Quando muito, entregam panfletos informativos.
Um dos soldados explica que a função dos militares é "apenas estar junto do agente da prefeitura" para que as pessoas abram suas casas.
Segundo o coronel Giovani Puppio, são cerca de mil militares do Exército diariamente nas ruas de São Paulo com as equipes da prefeitura.
No último dia 1º, a presidente Dilma Rousseff enviou medida provisória ao Congresso autorizando a entrada forçada de agentes de saúde em propriedades privadas fechadas ou abandonadas.