Folha de S. Paulo


Casos de microcefalia sobem para 404; outros 3.670 estão em investigação

O Brasil já registra 404 casos confirmados de recém-nascidos com microcefalia, 17 deles com exames positivos para o vírus da zika, segundo boletim atualizado do Ministério da Saúde. Além destes registros, há outros 3.670 casos ainda em investigação de bebês com suspeita da má-formação.

O número de casos suspeitos e confirmados representa um aumento de 9,5% em relação ao boletim da última semana, quando havia 3.448 casos suspeitos e 270 confirmados.

Já o total de casos descartados passou de 462 para 709. São casos em que exames não apontaram alterações no cérebro do bebê ou em que o quadro de microcefalia não foi causado por infecções congênitas (transmitidas de mãe para filho), o que já descartaria uma provável relação dos casos com o zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti e apontado como a principal hipótese para o avanço do problema.

Também houve aumento no número de mortes em investigação. Ao todo, o país já registra 15 casos confirmados de bebês que morreram após o parto ou ainda durante a gestação. Segundo o Ministério da Saúde, os bebês tinham diagnóstico de microcefalia e outras má-formações —destes, cinco tiveram resultado positivo para o vírus zika após exames.

Outras 56 mortes ainda são investigadas, e cinco foram descartadas.

Ueslei Marcelino/Reuters
Mãe segura menina diagnosticada com microcefalia em PE
Mãe segura menina diagnosticada com microcefalia em PE

ESTADOS

Cerca de 80% dos casos notificados de microcefalia está na região Nordeste, de acordo com os dados do Ministério da Saúde. A investigação de possíveis casos, no entanto, já ocorre em 25 Estados —até agora, os únicos a não apresentarem registros foram o Amapá e Amazonas.

Pernambuco ainda lidera a lista de notificações, com 1.159 casos de suspeita de microcefalia e outros 153 já confirmados. Em seguida, está a Bahia, com 508 casos ainda em investigação, além de 99 confirmados.

O uso de critérios diferentes por Estados para informar dados ao Ministério da Saúde deixa dúvidas sobre o "mapa" real da expansão do problema no país, como a Folha mostrou nesta segunda-feira (1º).

No balanço nacional, por exemplo, ainda aparecem registros em que o perímetro da cabeça do recém-nascido é maior do que os 32 cm definidos como limite pela OMS (Organização Mundial da Saúde) —caso de Pernambuco, onde apenas cerca de 38% dos casos seguem esse parâmetro.

Outra diferença nos dados ocorria em relação a São Paulo, que informava apenas os casos em que as mães dos bebês tiveram sintomas de zika na gravidez. O novo balanço, porém, já apresenta o número total de registros de microcefalia: 126 desde novembro.

Nesta segunda-feira, a OMS (Organização Mundial de Saúde) declarou emergência mundial em saúde pública devido à suspeita de ligação do vírus zika com os recentes casos de microcefalia e doenças neurológicas, como a síndrome de Guillain-Barré.

Identificado em maio do ano passado, o vírus zika já tem circulação confirmada em 21 Estados, além do Distrito Federal. O zika também já tem circulação confirmada em 25 países e territórios das Américas, segundo a OMS.

Editoria de Arte/Folhapress

COOPERAÇÃO

Nesta terça-feira, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, participou de uma teleconferência com a secretária de saúde dos Estados Unidos, Sylvia Burbel, para acertar uma cooperação entre os países nas pesquisas de uma vacina contra o vírus zika.

Na conversa, os dois se comprometeram a acelerar as pesquisas e as investigações sobre a relação entre infecções causadas por arbovírus como o zika com os casos de microcefalia e Guillain-Barré. Pesquisadores do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), dos Estados Unidos, também devem auxiliar em ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, que transmite o vírus zika.

Especialistas do NIH (Institutos Nacionais de Saúde), CDC e técnicos do Ministério da Saúde e de instituições como a Fiocruz e Evandro Chagas, de Belém, devem participar de uma reunião no Brasil em 20 de fevereiro para discutir o avanço nas pesquisas e nas estratégias contra o mosquito vetor.


Endereço da página:

Links no texto: