Para alguns paulistanos, há dias em que não é preciso ter carro nem usar o transporte público para se deslocar pela cidade –seja a trabalho ou a lazer. Grupos que defendem a mobilidade a pé têm ganhado cada vez mais adeptos na metrópole.
"De Pinheiros até a USP, já levei 1h20 no transporte público. Correndo, faço o trajeto em 45 minutos e ainda economizo no combustível e na academia", brinca Silvia Stuchi, 31, fundadora do site Corrida Amiga.
A organização estimula a corrida como forma de locomoção, oferecendo ajuda para quem deseja começar a correr. Nas primeiras saídas, voluntários acompanham o trajeto e dão dicas, a exemplo do que o coletivo Bike Anjo faz para ciclistas iniciantes. Mais de 150 pessoas já foram auxiliadas pela organização.
| Karime Xavier/Folhapress | ||
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| Integrantes do grupo Corrida Amiga percorrem o bairro Alto de Pinheiros (zona oeste) |
Para Stuchi, quem está com o pé na rua, literalmente, se aproxima da cidade onde mora. "Passamos por buracos, semáforos, calçadas e notamos uma cidade feita para o carro. A mobilidade ativa estimula a ocupação de espaços públicos."
É com esse espírito de redescobrir espaços públicos que também surgiu o grupo Desbravadores de Sampa.
"Eu fazia treinamento para corrida em parques, acabava sendo um pouco chato, repetitivo. Um dia, decidi ir correndo até a casa do meu irmão para almoçar. Foram 18 km, gostei muito daquela experiência", conta Hugo Peroni, 34.
A partir dessa primeira tentativa, Peroni decidiu compartilhar a experiência com outros interessados. O primeiro evento foi uma corrida entre os estádios do Palmeiras e do Corinthians, à época ainda em construção.
Surgiram assim os "desbravamentos temáticos", sempre com temas ligados à história da metrópole.
Se começou somente com corridas, o Desbravadores agora promove também caminhadas para abrigar aqueles que têm ritmo menor. Os eventos são sempre divulgados por outros grupos, como o Corrida Amiga: "Estamos conectados e compartilhando ideias", afirma Peroni.