Folha de S. Paulo


Haddad e Alckmin são hostilizados por MPL após missa de aniversário de SP

SP 462

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), foram hostilizados após saírem de uma missa na catedral da Sé, na região central, em comemoração ao aniversário da cidade, que completa 462 anos nesta segunda-feira (25).

Ao menos 20 integrantes do MPL (Movimento Passe Livre), que nesse mês vem protestando contra a alta nas tarifas do transporte, se reuniram na lateral da catedral para aguardar a saída dos governantes. Quando Haddad parou para dar entrevista coletiva, membros do Passe Livre começaram a cantar contra o prefeito. Uma garrafa PET foi atirada contra o petista. Porém, segundo a assessoria do prefeito, o objeto não atingiu Haddad, resvalando num segurança dele, segundo a Secretaria de Comunicação da prefeitura.

Rapidamente, os seguranças retiraram o prefeito e empurraram os manifestantes e parte dos jornalistas que acompanhavam o evento.

Minutos depois, Alckmin saiu pela parte de trás da igreja. Ele também foi cercado e hostilizado. Os manifestantes se postaram à frente dos carros oficiais para impedir a saída do tucano. Policiais militares intervieram e retiraram os manifestantes com cassetetes.

"Se a gente levasse só uma garrafa vazia na cabeça, seria ótimo. Mas nas manifestações é muito pior, tem gente ficando cego [com a atuação da PM]. Quando ocorrem protestos na rua, a população se revolta. Não vi quem jogou a garrafa", afirmou Mayara Vivian, do MPL.

Segundo ela, o movimento fez o protesto hoje para dialogar com Haddad sobre a viabilidade da tarifa zero e conversar com Alckmin sobre a repressão policial às manifestações.

O Movimento Passe Livre fará, nesta terça-feira (26), outro protesto contra o aumento nas tarifas de ônibus, trens e metrô, que nesse mês passaram de R$ 3,50 para R$ 3,80. A passeata partirá da estação Luz, no centro, às 17h.

Também participaram do protesto na catedral membros do Coletivo Autônomo dos Trabalhadores Sociais, grupo de moradores de rua que ocupa a uma tenda assistencial na zona leste de São Paulo).

Alckmin e Haddad informaram, por meio de suas assessorias de imprensa, que não iriam se pronunciar sobre o ocorrido após a missa.

VIAGEM À DISNEY

Na última quinta (21), Haddad comparou os pedidos que recebe para oferecer passe livre a todos os moradores da capital paulista com uma viagem à Disney. Na ocasião, ele afirmou que poderia priorizar outras coisas grátis para a população antes da isenção, exigida em manifestações populares promovidas pelo MPL (Movimento Passe Livre) na capital paulista.

O prefeito disse que é frequentemente questionado sobre os pedidos de passe livre, mas que há outras prioridades na cidade. "Tem tanta coisa que poderia vir na frente. Podia dar almoço grátis, jantar grátis, ida para a Disney grátis", afirmou o prefeito, acompanhado de risos durante agenda em Santo Amaro, na zona sul da capital.

O prefeito ressaltou que já atendeu aos pedidos dos estudantes e concedeu o passe livre nos ônibus da cidade para todos eles. "Eu não prometi passe livre para estudantes na minha campanha. Foram para a rua. Demos o passe livre. Agora, querem passe livre para todo mundo. Então, é melhor eleger um mágico em outubro porque um prefeito não vai dar conta", afirmou.

Haddad disse que a isenção da tarifa para os estudantes custa R$ 700 milhões por ano à prefeitura. "Sabe quantos CEUs dá para construir com R$ 700 milhões? Vinte. Eu poderia construir quatro hospitais gerais com esse dinheiro", afirmou o prefeito. "Aí para terminal, para não sei o quê", concluiu em referência aos frequentes protestos promovidos na cidade contra a tarifa.


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