Folha de S. Paulo


Depoimento

PM revista jornalistas em frente à Folha por 'atitude suspeita'

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Noite de quinta-feira (21), pausa para um cigarro. Nós dois, repórteres da "Ilustrada", estávamos no parklet em frente à Folha quando vários jovens –10? 20?– passaram correndo.

Logo deduzimos se tratar de manifestantes fugindo de um cerco policial.

Era dia, afinal, de mais um protesto organizado pelo Movimento Passe Livre contra o aumento da tarifa, não muito longe da sede do jornal, no centro de São Paulo.

Primeiro instinto jornalístico: pegar o celular e gravar o que estava ocorrendo.

O iPhone 5S, contudo, foi visto como arma perigosa pelos policiais, que nos abordaram e pediram para que ajoelhássemos com as mãos entrelaçadas para trás, cara encostada na parede.

Avisamos que éramos funcionários do jornal e que tínhamos nossos crachás no bolso, o que foi ignorado pelos agentes. O nome deles? Perguntar, a gente perguntou. À toa: não quiserem dizer.

Também tentamos filmar a identificação no uniforme, mas eles não facilitaram.

Perguntamos por que estávamos sendo enquadrados. "Atitude suspeita", respondeu a policial feminina. De quê? "Vandalismo."

Se a repórter Anna Virginia não é uma "vândala", afinal, por que "está ofegante?", ela questionou ironicamente (talvez seja o cigarro, talvez porque correr para gravar ações policiais não seja proibido por lei).

Ajoelhada, a repórter foi revistada e teve seu celular tomado. Nós só fomos liberados quando outro funcionário do jornal, questionado pelos agentes, confirmou que éramos jornalistas da Folha.

O aparelho foi devolvido, e nós não voltamos a ser incomodados. Já os jovens que corriam da polícia não tiveram a mesma sorte.


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