Folha de S. Paulo


Gestão Alckmin diz que não vai deixar Passe Livre fazer trajeto divulgado

A Secretaria da Segurança Pública informou que não vai permitir que o MPL (Movimento Passe Livre) faça o trajeto da manifestação nesta quinta-feira (21) divulgado com duas horas de antecedência. O motivo, segundo a pasta, é que outro protesto já está ocorrendo em algumas das vias informadas pelo grupo anti-tarifa. Acompanhe o protesto em tempo real

"O trajeto divulgado com menos de duas horas de antecedência para a manifestação do MPL não será possível porque há outro protesto que está sendo realizado no viaduto do Chá, na Câmara Municipal e na av. 23 de Maio, pelos motoristas de vans escolares", diz a nota.

Desde a manhã desta quinta os motoristas de vans escolares protestam contra a nova forma de remuneração exigida pela Prefeitura de São Paulo, que passa a valer a partir de fevereiro. Além disso, eles também são contrários a restrição no número de crianças levadas. Ao menos 200 motoristas se reuniram no viaduto do Chá, na altura da rua Libero Badaró, em frente à sede da Prefeitura de São Paulo.

O trajeto proposto pela pasta do governo Geraldo Alckmin (PSDB) para o MPL é começar no terminal Parque Dom Pedro, passar pelas ruas General Carneiro, Boa Vista e Líbero Badaró até chegar ao vale do Anhangabaú. Depois, eles devem seguir pelas avenidas São João e Ipiranga e encerrar o ato na praça da República.

A Secretaria da Segurança informou que a "alteração se faz necessária, uma vez que a Constituição Federal não autoriza que manifestação posterior frustre outra reunião anteriormente convocada para os mesmos locais, nos termos do artigo 5, inciso XI."

Os manifestantes querem passar pelas ruas General Carneiro, Boa Vista, Libero Badaró, viaduto do Chá, praça Ramos de Azevedo, rua Conselheiro Crispiniano, avenidas São João, Ipiranga, São Luís, rua Asdrúbal do Nascimento e avenida 23 de Maio. O trajeto foi divulgado pelo Passe Livre menos de duas horas para começar o quinto protesto contra a alta das tarifas do transporte.

Os alvos são o prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB). A tarifa aumentou no dia 9 de R$ 3,50 para R$ 3,80 -valor inferior à inflação acumulada, de 10,7%.

"Hoje vamos cobrar quem decide pelo nosso sofrimento! Iremos para a Secretaria de Transporte, cobrar a redução imediata da tarifa, para Câmara dos Vereadores de São Paulo denunciar o processo licitatório dos transportes municipais, e seguiremos para a Assembleia Legislativa para denunciar o descaso do Estado com o metrô e trens da CPTM, que nos colocam em risco todo o dia, travam a cidade com sua ineficiência e ainda geram lucros gigantescos nos esquemas de carteis, e nas linhas privatizadas", disse o movimento em uma página na rede social.

PROTESTOS ANTERIORES

Na última terça (19), cinco manifestantes chegaram a ser detidos durante o quarto protesto do MPL, mas, depois foram liberados. A Secretaria da Segurança Pública informou que os dois rapazes detidos no início do protesto, por portarem um martelo e um estilingue, foram levados para o 14° DP, onde foi feito um registro de apreensão de objetos, e, depois, foram liberados.

Em relação aos demais, a secretaria informou que eles foram liberados ainda no local porque não ficou constatado que eles eram os responsáveis por atear fogo em lixeiras no centro da capital paulista.

O protesto causou o fechamento de comércios e estações de metrô e terminou com episódios pontuais de vandalismo no centro da cidade. No fim do ato, por volta das 22h, quando a maioria dos manifestantes havia ido embora, uma agência bancária foi depredada na rua Barão de Itapetininga e um grupo que participava do ato colocou fogo em lixeiras na rua Sete de Abril.

Ativistas tentaram pular as catracas na estação República do metrô e bloquear a avenida Ipiranga e foram impedidos. A PM usou bombas no fim do protesto em ao menos duas ocasiões. Durante o tumulto, trens não pararam na estação República, que ficou com portas fechadas, assim como a Anhangabaú.

No protesto, o Passe Livre decidiu dividir a manifestação, que saiu da esquina das avenidas Faria Lima e Rebouças (zona oeste). Por volta das 19h, a maior parte seguiu em direção à prefeitura, no centro. Outra foi para o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado, no Morumbi (zona oeste).

De acordo com a Polícia Militar, ao todo 1.200 pessoas participaram dos dois atos. Já o Passe Livre estimou em 7.000 o número de participantes do maior grupo, que seguiu ao centro. Além disso, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) fez dois atos nos extremos sul e leste, também contra a alta da passagem.

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COMÉRCIO

O grupo que seguiu rumo ao Morumbi passou em frente a vários estabelecimentos de luxo, sempre gritando "burguês, a culpa é de vocês". O shopping Iguatemi, na av. Brig. Faria Lima, fechou durante a passagem do ato. Seguranças cercaram todo o centro de compras.

Pouco depois de chegar ao Palácio dos Bandeirantes, que estava cercado por grande número de policiais, os manifestantes se dispersaram.

Já o protesto que terminou no centro teve desfecho diferente. Os manifestantes chegaram a empurrar a porta da prefeitura, sendo contidos por outros ativistas, e houve confusão no metrô. Além de depredar uma agência do Bradesco na rua Barão de Itapetininga, os manifestantes incendiaram lixeiras na rua Sete de Abril.

A PM soltou bombas na região da República após um manifestante atirar uma pedra. Depois, os policiais voltaram a usar os artefatos contra os manifestantes que fizeram barricadas com latas de lixo em chamas.

O Passe Livre divulgou o trajeto cinco horas antes do início do protesto –a Secretaria da Segurança Pública criticou a pouca antecedência.


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