Folha de S. Paulo


A duas horas de protesto, Passe Livre define trajeto pelas ruas do centro

A menos de duas horas para começar o quinto protesto contra a alta das tarifas do transporte em São Paulo, o MPL (Movimento Passe Livre) divulgou o trajeto que fará nesta quinta-feira (21).

Os manifestantes vão se concentrar no terminal Parque Dom Pedro, na região central da cidade, por volta das 17h, e de lá seguem para a Secretaria de Transporte, para Câmara Municipal e terminam na Assembleia Legislativa.

Os alvos são o prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB). A tarifa aumentou no dia 9 de R$ 3,50 para R$ 3,80 –valor inferior à inflação acumulada, de 10,7%.

Os manifestantes vão passar pelas ruas General Carneiro, Boa Vista, Libero Badaró, viaduto do Chá, praça Ramos de Azevedo, rua Conselheiro Crispiniano, avenidas São João, Ipiranga, São Luís, rua Asdrúbal do Nascimento e avenida 23 de Maio.

"Hoje vamos cobrar quem decide pelo nosso sofrimento! Iremos para a Secretaria de Transporte, cobrar a redução imediata da tarifa, para Câmara dos Vereadores de São Paulo denunciar o processo licitatório dos transportes municipais, e seguiremos para a Assembleia Legislativa para denunciar o descaso do Estado com o metrô e trens da CPTM, que nos colocam em risco todo o dia, travam a cidade com sua ineficiência e ainda geram lucros gigantescos nos esquemas de carteis, e nas linhas privatizadas", disse o movimento em uma página na rede social.

A Secretaria da Segurança Pública informou, por volta das 15h10, que ainda não havia sido comunicada sobre o trajeto. A secretaria lembra que a comunicação prévia é uma exigência constitucional e é fundamental para que o trânsito seja reorganizado, bem como o traçado das linhas de ônibus, e a limpeza prévia do trajeto.

Mais cedo, um pequeno grupo de manifestantes realizou um protesto-relâmpago na avenida 9 de Julho, na região central de São Paulo. O ato durou menos de uma hora.

PROTESTOS ANTERIORES

Na última terça (19), cinco manifestantes chegaram a ser detidos durante o quarto protesto do MPL, mas, depois foram liberados. A Secretaria da Segurança Pública informou que os dois rapazes detidos no início do protesto, por portarem um martelo e um estilingue, foram levados para o 14° DP, onde foi feito um registro de apreensão de objetos, e, depois, foram liberados.

Em relação aos demais, a secretaria informou que eles foram liberados ainda no local porque não ficou constatado que eles eram os responsáveis por atear fogo em lixeiras no centro da capital paulista.

O protesto causou o fechamento de comércios e estações de metrô e terminou com episódios pontuais de vandalismo no centro da cidade. No fim do ato, por volta das 22h, quando a maioria dos manifestantes havia ido embora, uma agência bancária foi depredada na rua Barão de Itapetininga e um grupo que participava do ato colocou fogo em lixeiras na rua Sete de Abril.

Ativistas tentaram pular as catracas na estação República do metrô e bloquear a avenida Ipiranga e foram impedidos. A PM usou bombas no fim do protesto em ao menos duas ocasiões. Durante o tumulto, trens não pararam na estação República, que ficou com portas fechadas, assim como a Anhangabaú.

No protesto, o Passe Livre decidiu dividir a manifestação, que saiu da esquina das avenidas Faria Lima e Rebouças (zona oeste). Por volta das 19h, a maior parte seguiu em direção à prefeitura, no centro. Outra foi para o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado, no Morumbi (zona oeste).

De acordo com a Polícia Militar, ao todo 1.200 pessoas participaram dos dois atos. Já o Passe Livre estimou em 7.000 o número de participantes do maior grupo, que seguiu ao centro. Além disso, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) fez dois atos nos extremos sul e leste, também contra a alta da passagem.

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COMÉRCIO

O grupo que seguiu rumo ao Morumbi passou em frente a vários estabelecimentos de luxo, sempre gritando "burguês, a culpa é de vocês". O shopping Iguatemi, na av. Brig. Faria Lima, fechou durante a passagem do ato. Seguranças cercaram todo o centro de compras.

Pouco depois de chegar ao Palácio dos Bandeirantes, que estava cercado por grande número de policiais, os manifestantes se dispersaram.

Já o protesto que terminou no centro teve desfecho diferente. Os manifestantes chegaram a empurrar a porta da prefeitura, sendo contidos por outros ativistas, e houve confusão no metrô. Além de depredar uma agência do Bradesco na rua Barão de Itapetininga, os manifestantes incendiaram lixeiras na rua Sete de Abril.

A PM soltou bombas na região da República após um manifestante atirar uma pedra. Depois, os policiais voltaram a usar os artefatos contra os manifestantes que fizeram barricadas com latas de lixo em chamas.

O Passe Livre divulgou o trajeto cinco horas antes do início do protesto –a Secretaria da Segurança Pública criticou a pouca antecedência.


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