O governador Geraldo Alckmin (PSDB) classificou nesta quinta-feira (14) as manifestações contra a alta da tarifa de ônibus, metrô e trens como "vandalismo seletivo".
"Manifestação legítima e pacífica é positivo, é nosso dever acompanhar e dar segurança. Outra coisa é vandalismo seletivo. É estranho não ter tido nenhuma manifestação quando a energia elétrica subiu 70%. Não teve manifestação quando a inflação passou de 10%", afirmou o governador, insinuando caráter político dos atos.
Segundo o governador o aumento das tarifas de R$ 3,50 para R$ 3,80 foi de 2% abaixo da inflação. "Os ganhos de eficiência e produtividade foram repassada aos usuários do sistema", afirmou.
Questionado sobre a atuação da Polícia Militar, que no ato de terça (12) revistou manifestantes, usou bombas antes mesmo do confronto e sufocou a manifestação, Alckmin afirmou que "alguns não querem fazer manifestação, querem confronto com a polícia para sair na mídia".
No protesto de terça (12), a confusão começou quando integrantes do MPL (Movimento Passe Livre) tentaram seguir pela avenida Rebouças. Um cerco da polícia foi formado impedindo a passagem do grupo.
A PM queria que eles seguissem por outro trajeto, pela rua da Consolação, sob a justificativa de que os manifestantes não informaram a rota com antecedência.
O impasse causou tumulto e alguns manifestantes tentaram furar esse bloqueio. A polícia então, lançou dezenas de bombas de efeito moral e spray de pimenta, provocando correria na Paulista.
A nova estratégia da PM foi adotada depois de a primeira manifestação contra a tarifa, na última sexta-feira (8), ter sido marcada por atos de vandalismo de "black blocs".
"A PM tem a obrigação de garantir o direito de ir e vir das pessoas e de evitar destruição. Quem vai mascarado, se esconde, vai com coquetel molotov, não é liberdade de expressão." Alckmin disse ainda que a "polícia é preparada" e vai continuar atuando para "evitar destruição de patrimônio público e privado e preservar a vida das pessoas".
VIOLÊNCIA POLICIAL
O MPL criticou a ação policial. Em nota publicada nas redes sociais, o movimento afirmou: "A violência da polícia, que deixou mais de dez presos e dezenas de feridos, mostra a verdadeira política de Alckmin e Haddad: defender o lucro dos empresários a qualquer custo." "Da mesma forma, defenderemos nosso direito à cidade e à manifestação. Se a polícia aumenta a repressão, aumentamos a resistência", afirmou o grupo.
A gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) marcou para esta quinta-feira (14) um encontro entre integrantes do MPL, a Secretaria da Segurança Pública e o Ministério Público. Contudo, o movimento não compareceu para dialogar com as autoridades.
O MPL marcou para esta quinta-feira (14) a próxima manifestação contra a tarifa do transporte público. Desta vez, o movimento irá se reunir em dois locais, no largo da Batata, em Pinheiros, e em frente ao Teatro Municipal, no centro.
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, disse nesta quinta lamentar a ausência do MPL. Houve, segundo ele, contato com dois representantes do movimento que, segundo o secretário, disseram que submeteriam o convite à assembleia do movimento.
Moraes voltou a defender a ação na PM no ato de terça-feira (12), quando a tropa utilizou bombas para evitar que os manifestantes marchassem pela avenida Rebouças. "Às vezes as pessoas não entendem por que são lançada bomba de gás. É preferível bomba de gás para dispersar, para evitar o embate físico."