Folha de S. Paulo


Grupo prepara 'exército' contra reintegração de posse no interior de SP

Sob ameaça de reintegração, marcada para domingo (17), moradores da Vila Soma, uma ocupação em um terreno de uma empresa falida em Sumaré (a 118 km de São Paulo), montaram um "exército de contrachoque" para resistir à ação da Polícia Militar.

A medida é semelhante à que antecedeu a violenta reintegração de posse do Pinheirinho, em São José dos Campos, no início de 2012. Na ocasião, moradores ficaram feridos após confrontos com a PM e houve várias detenções.

Na Vila Soma, segundo os moradores e as decisões judiciais, moram cerca de 10 mil pessoas em casas de alvenaria que começaram a ser erguidas três anos atrás. No Pinheirinho, à época da reintegração de posse, havia cerca de 7.000 moradores.

"Preparamos um exército de contrachoque, com escudos, capacetes e paus para nos defender da violência que o Estado tem preparado para tirar as famílias, as crianças, que não têm para onde ir", disse o professor Ricardo Tomaz, 36, que contou viver na Vila Soma com três filhos. "Resistir é a única opção que nós temos", afirmou.

Divulgação
Moradores da Vila Soma armam-se para resistir à ação da PM de reintegração de posse
Moradores da Vila Soma armam-se para resistir à ação da PM de reintegração de posse

Segundo Tomaz, os moradores já fizeram barricadas nas principais entradas da ocupação. A PM tem reforçado a presença na área e, de acordo com o professor, sobrevoa o local de helicóptero.

A PM confirmou que a reintegração será no domingo e informou que se reuniu com moradores, com o advogado do dono do terreno e com órgãos de apoio, como Corpo de Bombeiros e Guarda Civil, para garantir que a reintegração seja pacífica.

O terreno pertence à Soma Equipamentos Industriais, que acionou a Justiça argumentando que a venda da área, estimada em R$ 90 milhões, serviria para quitar parte das dívidas da companhia.

O MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), que apoia os moradores, prevê realizar atos para tentar forçar novas negociações com o governo Geraldo Alckmin (PSDB) a fim de suspender a ação da PM no domingo.


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