Folha de S. Paulo


Não cumprimento de trajeto causou tumulto em protesto, diz secretário

Assista

O secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, disse que a PM usou a força em um protesto promovido pelo MPL (Movimento Passe Livre) contra o aumento das tarifas do transporte nesta terça (12) porque os manifestantes "investiram contra os policiais" para furar o bloqueio que os impedia de seguir por um trajeto não combinado previamente.

"Não é possível que uma manifestação se transforme em anarquia", disse Moraes.

A polícia jogou bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral quando os manifestantes ainda se concentravam na praça do Ciclista, na avenida Paulista.

Moraes alegou que é uma exigência legal noticiar previamente o caminho de um protesto. Segundo o secretário, os representantes do MPL (Movimento Passe Livre), que organizou o ato, não comunicaram previamente o caminho a ser percorrido.

Protesto contra a tarifa

"Todos os grupos e organizações avisam previamente. Apesar de ser chamado reiteradas vezes para combinar um traçado, não compareceu", disse Moraes.

Segundo ele, o acordo prévio serviria para organizar a manifestação junto com a prefeitura, para que linhas de ônibus fossem transferidas para outras vias e que fosse a limpeza das ruas, retirando pedras de caçambas de entulho para evitar a ação de vândalos.

De acordo com Moraes, cerca de 1h30 antes do protesto, o MPL teria concordado com o trajeto proposto pela Polícia Militar.

O secretário exibiu ainda fotos feitas por policiais que mostram supostas bombas, um soco-inglês e pregos que estariam dentro de uma bomba caseira. Segundo ele, oito pessoas foram detidas e outras três identificadas, mas ainda não haviam sido presas até o momento da entrevista.

Questionado sobre o uso de bombas contra jornalistas, Moraes disse que não houve abuso. "Vamos apurar qualquer eventual abuso, mas os abusos tem que ser provados", disse.

O TUMULTO

Nesta terça (12), a confusão começou quando integrantes do MPL (Movimento Passe Livre) tentaram seguir pela avenida Rebouças. Um cerco da polícia foi formado impedindo a passagem do grupo.

A PM queria que eles seguissem por outro trajeto, pela rua da Consolação, sob a justificativa de que os manifestantes não informaram a rota com antecedência.

O impasse causou tumulto e alguns manifestantes tentaram furar esse bloqueio. A polícia então, lançou dezenas de bombas de efeito moral e spray de pimenta, provocando correria na Paulista.

A confusão dividiu os manifestantes. Enquanto um grupo seguia pela rua da Consolação, outro caminhava por dentro do bairro de Higienópolis, área nobre da cidade.

Este segundo grupo avançou por dentro de Higienópolis, enquanto adeptos da tática "black bloc" -que prega a destruição de patrimônio público e privado- reviraram uma caçamba de entulho no meio da rua Itacolomi.

Muito lixo foi revirado e alguns sacos foram incendiados pelos manifestantes. A PM perseguiu o grupo e bombas de gás foram lançadas em meio a carros e pedestres.

TENSÃO

O ato foi convocado pelo MPL, protagonista dos protestos de junho de 2013. Desta vez, ele quer a revogação do aumento da tarifa de ônibus, metrô e trens pelo prefeito Fernando Haddad (PT) e pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). Neste mês a passagem unitária foi reajustada de R$ 3,50 para R$ 3,80.

O MPL marcou para a esta quinta-feira (14) a próxima manifestação contra a tarifa do transporte público. Desta vez, o movimento irá se reunir em dois locais, no largo da Batata, em Pinheiros, e em frente ao Teatro Municipal, no centro.


Endereço da página:

Links no texto: