Folha de S. Paulo


Protestos contra a tarifa acabam em confronto em SP e no Rio

protesto contra tarifa

A primeira manifestação expressiva contra a elevação da tarifa de ônibus, metrô e trens em São Paulo em 2016 acabou em confronto com a PM e atos de vandalismo no centro nesta sexta-feira (8). No Rio, também houve confrontos com bombas e vandalismo.

Dezessete pessoas foram detidas em São Paulo, segundo a polícia, que estimou 3.000 manifestantes no protesto. Entre 1h e 3h deste sábado (9), 13 pessoas foram liberadas.

Segundo o delegado Rogério Nader, do 78º DP (Jardins), que recebeu 12 detidos, cinco foram autuados por dano ao patrimônio público, quatro por desacato a autoridade e três por porte de drogas. Uma pessoa ficou detida por dano a uma viatura e posse de artefato explosivo. Os outros dois tinham sido encaminhados para o 2º DP (Bom Retiro) e foram liberados no início da madrugada.

Os atos foram organizados pelo MPL (Movimento Passe Livre), responsável pelos protestos de 2013 e 2015 –e que já marcou mais um na capital paulista na próxima terça (12).

Em São Paulo, jovens mascarados adeptos da tática "black bloc" (que defendem a destruição de patrimônio público e privado) participaram da manifestação, que terminou com ao menos três agências bancárias, uma banca de jornal e dois veículos da CET depredados. Segundo a Secretaria Municipal de Transportes, oito ônibus foram danificados. O mesmo ocorreu com duas viaturas da PM.

O reajuste das tarifas foi anunciado pelas gestões Fernando Haddad (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) para vigorar a partir deste sábado (9) - a passagem sobe 8,6%, de R$ 3,50 para R$ 3,80, abaixo da inflação oficial (10,7%).

Alunos da rede pública ou de baixa renda têm direito ao passe livre estudantil.

Nesta sexta, quando a manifestação se aproximava do terminal Bandeira pela avenida Nove de Julho, jovens mascarados e a PM entraram em um intenso confronto.

Manifestantes (alguns com pedras nas mãos) haviam cercado um carro quando houve um estrondo de bomba.

"Black blocs" passaram a jogar pedras e paus e a disparar rojões contra policiais, que lançavam bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo. Houve intensa correria pelas ruas do centro.

Os embates deixaram feridos um manifestante (atingido por estilhaços de bomba no queixo) e um policial (atingido por pedras no rosto).

Enquanto corriam, muitos jovens deixavam um rastro de destruição. Pelo menos dois ônibus foram parados por vândalos. Eles retiraram os passageiros e iniciaram a depredação, pichando a lataria e quebrando suas janelas.

Uma agência Itaú da rua da Consolação teve sua vidraça depredada. Perto dali, uma agência do Banco do Brasil também foi danificada. As estações do metrô Anhangabaú (linha 3) e São Bento (Azul) tiveram acessos fechados.

Orelhões e lixeiras foram quebrados. Os "black blocs" também atearam fogo em sacos de lixo, formando barricadas em diversas ruas do centro e na avenida Paulista.

Mapa: Protestos no centro de SP

O secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, disse que a "atuação criminosa" de alguns manifestantes atrapalhou o direito de manifestação dos demais. Para ele, a PM "atuou corretamente contra 'black blocs"'.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que as cenas de vandalismo são "inaceitáveis" e que a polícia "continuará agindo para garantir o direito de manifestação e de ir e vir da população".

O protesto começou de maneira pacífica em frente ao Teatro Municipal, às 17h. A Folha não localizou integrantes do Passe Livre após o ato.

No Rio, onde a tarifa foi de R$ 3,40 para R$ 3,80, a Central do Brasil foi fechada pela PM, que lançou bombas de gás para afastar manifestantes. Duas pessoas foram detidas. Em Belo Horizonte, houve protesto sem confronto.

Em Belo Horizonte também houve protesto, mas sem registro de confrontos. No fim de 2014, a passagem custava R$ 2,85 na cidade. No domingo (3), chegou a R$ 3,70.

REPÓRTER FERIDO

O repórter Artur Rodrigues, da Folha, foi atingido por uma pedra no confronto entre manifestantes e policiais militares na avenida Nove de Julho. Ele não soube identificar de onde partiu a pedra, que acertou sua barriga, mas sem gravidade (só ferimento leve).

Colaboraram THAÍS ARBEX, LEANDRO MACHADO, RIO E BELO HORIZONTE


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