Folha de S. Paulo


Redução da base aliada ameaça projetos de Haddad na Câmara

Zanone Fraissat/Folhapress
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT)
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT)

Em ano eleitoral, o prefeito Fernando Haddad (PT) deve sofrer redução de sua base aliada na Câmara Municipal, o que dificultará a aprovação de projetos considerados estratégicos pela gestão para a cidade de São Paulo.

Com a iminente disputa pela cadeira de prefeito, partidos como PMDB, DEM e PSD não devem acompanhar o petista em todos os projetos.

Assim que acabar o recesso parlamentar, em fevereiro, Haddad terá que buscar votos para iniciativas como a nova Lei de Zoneamento (que define aquilo que pode ser construído em cada quarteirão), operações urbanas das zonas leste e sul (para incentivar empreendimentos em alguns bairros) e o código de obras (que visa agilizar a liberação de projetos imobiliários).

Além disso, o prefeito terá que evitar medida do Legislativo que barre o plano para legalizar o Uber -aplicativo que conecta motoristas particulares a passageiros.

Na semana passada, o presidente da Câmara, Antonio Donato (PT), já afirmou que os vereadores tendem a derrubar um eventual decreto para a regulamentação do serviço. Eles exigem que Haddad envie um projeto à Casa para a discussão do tema.

Infográfico: mudanças podem colar em risco projeto de Haddad

O debate sobre a Lei de Zoneamento foi uma prévia do panorama a ser enfrentado por Haddad na Câmara em 2016.

Embora tenha conseguido 42 votos dos 37 necessários para aprovar o texto em primeira discussão no último dia 21, não houve consenso para a segunda votação, que deve ocorrer em fevereiro. Algumas associações de bairro temem a ampliação do comércio em áreas residenciais.

Haddad também enfrentará obstáculos para ver aprovados projetos específicos para a zona leste da cidade.

O primeiro é o Arco Tamanduateí -que visa transformar bairros como Mooca e Vila Carioca em novos eixos de desenvolvimento imobiliário. O segundo cria incentivos para atividades econômicas na região da Jacu Pêssego.

Infográfico: possíveis mudanças na base aliada

SITUAÇÃO

Nos primeiros três anos, Haddad enfrentou dificuldades na Câmara, como para reajustar o IPTU, aprovar o Plano Diretor (conjunto de regras que determina o crescimento da cidade) e acabar com a taxa da inspeção veicular.

Mesmo assim, 42 dos 55 vereadores eram da situação. Dependendo do ritmo de mudanças partidárias em negociação, existe risco de esse número diminuir para 30.

A eventual saída de 12 vereadores da base se deve ao desembarque de partidos que pretendem lançar candidatos ou apoiar opositores.

Embora vereadores digam que isso não signifique rejeições a projetos "bons para a cidade", o histórico do Legislativo indica obstáculos.

Com três vereadores que apoiam Haddad hoje, o DEM pretende migrar para a oposição e negocia a filiação de outros três que são da base de apoio. "O DEM não terá mais condições de acompanhar o prefeito porque o partido não estará com o PT no plano nacional", disse o vereador Milton Leite, um dos principais articuladores da Casa.

Infográfico: Vaivém na Câmara

Também da base até então, ao menos dois vereadores do PMDB (Ricardo Nunes e Nelo Rodolfo) já indicam apoio à candidatura da senadora do partido, Marta Suplicy.

O PSD, partido do ex-prefeito Gilberto Kassab e cujos cinco vereadores vinham votando favoravelmente a projetos de Haddad, pode lançar candidato e virar oposição com dois vereadores -já que 3 devem sair. O PRB do pré-candidato Celso Russomanno, que tem um parlamentar na situação, deve receber mais um e mudar de lado.

Líder de Haddad na Câmara, Arselino Tatto diz acreditar que não haverá dificuldades para os projetos. "Queremos aprovar até abril. Não tem como o vereador, mesmo de oposição, votar contra projetos que vão gerar crescimento, emprego e renda."


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