Folha de S. Paulo


Tubarões são comuns em Noronha, mas raramente atacam

Adriano Vizoni/Folhapress
Vista da praia do Sueste, em Fernando de Noronha
Vista da praia do Sueste, em Fernando de Noronha, onde turista foi atacado por tubarão

Especialistas de Pernambuco e de outros Estados já começaram a investigar o ataque de um tubarão a um turista do Paraná, de 33 anos, na tarde desta segunda-feira (22) no arquipélago de Fernando de Noronha (PE). Uma das hipóteses para o ataque, que provocou a amputação de parte do braço do homem, é que a vítima teria se aproximado demais do animal.

"Houve uma interação e, em seguida, o ataque", disse o coronel Clóvis Ramalho, presidente do Cemit (Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões).

O turista paranaense, que estava viajando de férias com a mulher, mergulhava com snorkel a cerca de 200 metros da praia do Sueste quando sofreu ataque.

Os tubarões são comuns na região, principalmente da espécie Lixa, Limão e Tigre. Diferentemente de outros locais, como no Recife, em Noronha, onde o meio ambiente é equilibrado, tranquilo e há farta alimentação para esses animais, os ataques são raros.

Segundo o coronel Ramalho, por enquanto, há somente indícios do que teria provocado o acidente. "A explicação total só será possível após profunda investigação."

Outra possibilidade é de que o tubarão teria cometido o ataque por um "erro de identificação". A água da baía do Sueste é um pouco mais turva do que a do restante do arquipélago, e como já estava ficando escuro (o ataque ocorreu por volta das 17h30), o animal pode ter tido dificuldade em identificar o alvo.

O ambientalista José Truda Palazzo Júnior, da Divers for Sharks, organização internacional de preservação e combate à extinção dos tubarões, afirmou que costuma mergulhar com tubarões na baía do Sueste e que sempre procurou manter distância de pelo menos dois metros dos tubarões. Ele disse que o ataque é surpreendente, porque os animais costumam se afastar na presença de humanos.

O turista passou por cirurgia de cerca de uma hora no hospital da Restauração, no Recife, e agora está na sala de observação. O antebraço direito foi amputado após a mordida e agora o tratamento é feito com antibióticos, para evitar possíveis contaminações. A família não autorizou a divulgação do nome da vítima.

Nesta terça-feira (22), o local do acidente estará interditado para banho, segundo nota da administração de Fernando de Noronha. Um mergulho autorizado será feito pelo engenheiro de pesca Léo Veras para observar o comportamento dos tubarões. O Instituto Chico Mendes de Biodiversidade, que cuida do arquipélago, vai convidar pesquisadores de tubarões para contribuírem com a investigação.

Este foi o primeiro caso registrado de ataque de tubarão no arquipélago, segundo o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Biodiversidade), que administra o Parque Nacional Marinho, do qual faz parte Sueste.


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