Folha de S. Paulo


Resto do telhado da estação da Luz ainda pode desabar, diz bombeiro

Técnicos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), da Defesa Civil e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) iniciaram na manhã desta terça-feira (22) uma vistoria no terceiro piso do complexo da estação da Luz, na região central de São Paulo, onde ficava parte das instalações do Museu da Língua Portuguesa, destruído em incêndio no dia anterior.

Robson Mitsuo, capitão do Corpo de Bombeiros que visitou todas as áreas atingidas pelo incêndio, diz que há risco de a estrutura que restou do telhado desabar. Segundo ele, a construção do terceiro piso –o mais afetado pelas chamas– está comprometida.

"Tudo ficou destruído nos dois últimos andares. A estrutura do prédio é mista de concreto e madeira. Não sobrou nada do que era de madeira", afirmou.

Mitsuo disse que a torre do relógio, que tem uma escadaria de madeira, não foi atingida pelas chamas. "Nosso trabalho ontem [segunda-feira] foi feito para evitar que isso ocorresse. O vento nos atrapalhou muito, porque levava as chamas na direção do relógio a todo instante." O segundo e terceiro pisos, segundo o bombeiro, estão cheios de ferro retorcido e escombros de parte do telhado que caiu, mas sem focos de incêndio.

Ele disse, porém, que apenas o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) poderá dizer até quando a estação da Luz continuará interditada para acesso dos passageiros e passagem dos trens da CPTM. Para chegar ao local, foi necessário o auxílio de uma escada magirus, do Corpo de Bombeiros, para ter uma visão melhor da área atingida e dos danos acusados pelas chamas.

"Nós iniciamos uma vistoria ontem (segunda) das 22h às 2h. Mas como não tínhamos condição de iluminação e acesso, os trabalhos ficaram para hoje", afirmou o engenheiro do IPT responsável pela vistoria, José Theophilo. A intenção do órgão é avaliar as condições do prédio para viabilizar o acesso à estação o mais rápido possível. Não há previsão para o trabalho terminar.

INCÊNDIO

Patrimônio histórico na região central de São Paulo, o complexo da estação da Luz –que engloba a estação homônima de transporte e o Museu da Língua Portuguesa– foi parcialmente consumido por um incêndio, que começou por volta das 15h50 e foi controlado após duas horas e meia.

O bombeiro civil Ronaldo Pereira, 39, que trabalhava no local, fechado nesta segunda (21) para visitas, morreu após parada cardiorrespiratória devido à fumaça. A mulher de Pereira, a funcionária pública Rita de Cássia dos Santos Osório Cruz, 49, conta que o marido era um apaixonado pela profissão e era capaz de dar a vida pelas pessoas. "Ele fazia o que gostava, pode ter certeza era com amor. Onde estiver agora está se sentindo com o dever cumprido", falou Rita com orgulho de Cruz.

Segundo o Corpo de Bombeiros, as chamas destruíram o segundo e o terceiro andares do prédio. O teto de madeira desabou. A estrutura da estação de trem, erguida em 1867, não sofreu dano.

"O museu foi totalmente afetado, é uma tragédia", afirmou o secretário do Estado da Cultura, Marcelo Araujo. Todo o acervo do local é digital e, de acordo com ele, conta com cópia de segurança.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que a estrutura será reconstruída. Autoridades começaram a investigar as causas do fogo. O museu e todo o complexo da estação da Luz não tinham aval dos bombeiros para funcionar.

O museu da língua portuguesa


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