Folha de S. Paulo


Após denúncia, governo de SP troca comando da Corregedoria de polícia

O governo Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou nesta segunda-feira (21) a troca de comando na Corregedoria da Polícia Civil, alvo de uma investigação do Ministério Público do Estado que apura a existência de um esquema de corrupção que cobrava até R$ 50 mil por mês para proteger policiais envolvidos em desvios.

De acordo com a Promotoria, os corregedores venderiam proteção aos homens que deveriam investigar e prender. Além da troca de comando na Corregedoria, o governo paulista anunciou a abertura de procedimentos administrativos e inquéritos para apurar o caso.

"Todos os policiais envolvidos responderão a processo. Se for confirmado, serão expulsos da polícia e responderão civil e criminalmente", afirmou o governador Geraldo Alckmin.

Em entrevista, o secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, afirmou que pelo menos sete policiais que atuaram ou ainda atuam na Corregedoria são suspeitos de integrar o esquema de corrupção.

O atual Corregedor da Polícia Civil, Nestor Sampaio Penteado Filho, será substituído pelo delegado Domingos de Paula Neto, que ocupava o Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital).

Segundo o secretário da Segurança Pública, não há indícios, até o momento, de que o corregedor também integrasse o esquema de corrupção. "Mas resolvi por bem trocar [o comando]. Não é razoável que o corregedor investigue sua própria equipe, com quem atua há três anos", afirmou Alexandre de Moraes.

Os policiais citados na investigação também serão imediatamente afastados, afirmou o governo paulista.

A investigação que apura a existência de um mensalão na Corregedoria da Polícia Civil para proteger policiais corruptos foi revelada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" nesta segunda (21).

De acordo com a reportagem, os corregedores informavam a delegacias e departamentos da Polícia Civil o planejamento de operações do Ministério Público e o recebimento de denúncias feitas por vítimas de extorsões de policiais.

A principal prova do Ministério Público Estadual é um vídeo em que promotores de Justiça são enganados por policiais civis a fim de permitir a fuga de dois investigadores acusados de corrupção. O vídeo foi flagrado pelas câmeras de segurança do Deic (Departamento de Investigações Criminais) e apreendido pelos promotores do Gecep (equipe da Promotoria para controle externo da atividade policial) após suspeita do departamento e da corregedoria na fuga dos agentes.

De acordo com o governo, a Promotoria iniciou a investigação a partir de denúncias anônimas recebidas a partir de novembro de 2013. Oficialmente, a apuração iniciou-se em no início de 2014 e ainda segue em andamento. Até o momento o Ministério Público não apresentou denúncia contra os envolvidos.

Alexandre de Moraes, em entrevista, afirmou que nunca tomou conhecimento do esquema de corrupção na Corregedoria da Polícia Civil, que é subordinada a seu gabinete. "É algo muito ruim [a polícia investigar corrupção dos próprios policiais], mas por isso estamos tomando todas essas medidas e decidimos trocar a equipe", ressaltou.


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