Folha de S. Paulo


Polícia Civil conclui inquérito sobre chacinas na Grande SP e indicia sete

A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre as chacinas nas cidades de Osasco, Itapevi e Barueri, na Grande São Paulo, que resultaram na morte de pelo menos 23 pessoas e deixaram sete feridos, em agosto deste ano. Sete pessoas, policiais e um guarda municipal, foram indiciados.

Conforme nota divulgada nesta sexta (18) pela Secretaria de Segurança Pública do governo paulista, o inquérito foi relatado em 1º de dezembro pelo DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa) e encaminhado à Justiça.

De acordo com a pasta, seis policiais militares e um guarda civil metropolitano foram indiciados pela maior chacina registrada no Estado em 2015.

Todos os indiciados já haviam sido presos. Dois dos suspeitos detidos foram liberados.

A maioria dos crimes ocorreu na noite do dia 13 de agosto, quando 19 pessoas foram mortas. A investigação da chacina, contudo, considera que ela começou a ser deflagrada cinco dias antes, quando ao menos outras quatro pessoas foram mortas na região metropolitana de SP.

Dois assassinatos de agentes de segurança, segundo as investigações, motivaram os ataques em série: o de um PM, no dia 7 de agosto, e de um guarda-civil metropolitano, no dia 12.

O primeiro policial detido, um soldado da PM, fora preso no final de agosto. Em outubro, os outros seis, um coordenador da Guarda Civil Metropolitana de Barueri e cinco policiais militares, foram presos em força-tarefa da Polícia Civil.

Além deles, outro policial militar foi detido em novembro, acusado de coagir testemunhas do inquérito.

Os nomes dos indiciados, assim como detalhes do inquérito, não foram relevados, pois o processo corre em segredo de justiça.

A investigação da chacina, desde o início, foi marcada por desavenças entre as polícias Civil e Militar, que não se entenderam quanto às provas e a melhor maneira de conduzir as investigações. Houve ainda um desentendimento entre o Tribunal Militar e a Justiça Comum de Osasco, que atuaram nos desdobramentos do caso.

Além da falta de cuidado com a preservação da identidade das testemunhas, famílias das vítimas se queixam de descaso do poder público. Algumas delas relataram à Folha não ter recebido nenhum tipo de auxílio do governo estadual. Em um dos casos, apenas a Prefeitura de Osasco ofereceu alguma ajuda, como vale transporte e assistência psicológica.

A forma como a investigação foi conduzida trouxe problemas até para os PMs suspeitos. Segundo a reportagem apurou, pelo menos duas famílias de policiais sofreram ameaças e tiveram de deixar suas casas em Osasco.


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