Folha de S. Paulo


Após um ano, polícia indicia 5 por rompimento de barragem em MG

Um ano e três meses após o rompimento de uma barragem da Herculano Mineração em Itabirito (a 58 km de Belo Horizonte), a Polícia Civil de MG concluiu, nesta quarta (16), o inquérito que apurava as causas da tragédia e indiciou três sócios, um gerente e um engenheiro da empresa sob suspeita de participação na morte de três operários.

O rompimento, em 10 de setembro de 2014, vitimou os funcionários Christiano Fernandes da Silva, Adilson Aparecido Batista e Reinaldo da Costa Melo. Além dos mortos, Geraldo Matozinho Moreira ficou ferido.

Segundo o inquérito, a tragédia ocorreu devido à sobrecarga de uma das barragens de contenção de rejeitos. A empresa possuía duas delas: B1 e B4. A segunda foi construída em 2010, após o esgotamento da B1. Em abril de 2014, a barragem B4 foi interditada, e a mineradora voltou a usar a primeira para armazenar rejeitos, construindo quatro piscinas sem aprovação de órgãos reguladores.

De acordo com o laudo da Polícia Civil, o rompimento foi provocado por falhas na drenagem, o que provocou saturação (excesso) de água.

"Os responsáveis pela empresa tinham ciência da possibilidade de rompimento e, mesmo assim, assumiram o risco do resultado", diz a delegada de Itabirito Mellina Clemente, em nota da Polícia Civil.

Cinco foram indiciados sob suspeita de homicídio doloso, quando não há intenção de matar, com pena de seis a 20 anos de prisão: o gerente geral da mineradora Renato Mariano Antunes Herculano Souza, os donos Jairo Herculano Antunes, Mardoquel Herculano Antunes e Gláucio Herculano Antunes, e o engenheiro Nivaldo José Machado.

Eles também foram indiciados sob suspeita de praticar crimes ambientais, assim como Marcos Naves Branco (diretor da Engeo, que presta consultoria à mineradora), e a própria empresa, a Herculano Mineração.

Nem os representantes da Herculano nem Marcos Naves Branco, da Engeo, foram encontrados pela reportagem para comentar o caso nesta quinta (17).


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