Folha de S. Paulo


Vale jogou mais lama em barragem do que havia declarado, aponta laudo

A mineradora Vale depositou uma quantidade maior de rejeitos de minérios na barragem da Samarco que se rompeu em 5 de novembro, em Mariana (MG), do que havia declarado, segundo documentos do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral).

No mês passado, a Folha revelou que a empresa, dona da Samarco junto com a anglo-australiana BHP Billiton, também lançava lama na barragem de Fundão. A mineradora havia dito que o material despejado correspondia a menos de 5% do total. A operação era prevista em contrato.

Mas um documento do DNPM mostra que, em 2014, o volume de rejeitos depositados pela vale era de 28% do total da barragem. Naquele ano, o volume total despejado ultrapassaria 18 milhões de metros cúbicos. A informação foi revelada na noite desta sexta-feira (4) pelo "Jornal Nacional".

Os rejeitos provenientes de uma mina da Vale conhecida como Alegria eram lançados na barragem por meio de tubos, segundo o laudo produzido por técnicos do governo que visitaram o local após a tragédia. O caso está sendo investigado pelo Ministério Público Federal.

A assessoria de imprensa da Vale disse à Folha que reitera que depositou menos de 5% do volume de rejeitos na barragem de Fundão, em 2014.

Em nota enviada por e-mail, a mineradora deu mais detalhes: "O cálculo de percentual indicado no documento do DNPM apresentado pela procuradoria de MG leva em consideração o volume total de rejeitos produzidos na mina de Alegria. No entanto, aproximadamente 85% desses rejeitos eram destinados à barragem de Campo Grande, que é da própria Vale. O restante (cerca de 15%) era destinado à Samarco. Essa quantidade corresponde a aproximadamente a 5% do volume total depositado na barragem de Fundão nos últimos anos."


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