Folha de S. Paulo


Prefeitura de SP libera patrocínio privado para jardins verticais

A Prefeitura de São Paulo vai abrir espaço para que patrocinadoras possam financiar tanto a execução como a manutenção de jardins verticais na cidade em troca de uma placa com seu logotipo.

O decreto, publicado nesta sexta-feira (20) do "Diário Oficial" do município, foi elaborado após estudo sobre a lei Cidade Limpa e ampliará o modelo de cooperação que hoje existe de manutenção de parques e praças para o verde que preenche empenas cegas de edifícios da capital.

Até agora, jardins verticais foram viabilizados por compensação ambiental: política pública que calcula o impacto de empreendimentos e determina ações ou valores a serem pagos para compensá-lo.

O instrumento foi aplicado no projeto de um corredor verde no Minhocão, apresentado à prefeitura pelo Movimento 90º, formado por arquitetos e paisagistas.

No projeto, edifícios se candidatam na prefeitura para receber um jardim vertical, são selecionados e associados a empresas que precisam fazer compensação ambiental, responsáveis pela construção e manutenção por seis meses do jardim.

"Com o novo decreto, qualquer prédio pode convidar um patrocinador para executar e manter um jardim vertical", diz o paisagista Guil Blance, 25, um dos criadores do Movimento 90º. "É um mecanismo inteligente para facilitar a criação de novas áreas verdes na cidade."

Segundo Michel Farah, 48, cuja empresa de impacto social realiza termos de compensação de praças, parques, monumentos e parklets da cidade, apenas 2% das áreas verdes de São Paulo são mantidas por parcerias público-privadas deste tipo. "Nem precisa ser empresa para adotar um desses bens públicos, basta ter RG e CPF", explica.

Para ele, trata-se de um instrumento mal divulgado pelo poder público. "A tendência é que os jardins verticais, que estão em evidência, atraiam mais interessados e que as pessoas passem a reparar mais em quem faz a manutenção dessas áreas."

No caso de parcerias para manutenção, será cedida uma placa de um metro quadrado no jardim vertical. No caso de parcerias para execução de um novo jardim, o espaço cedido será uma placa de dois metros quadrados.

Em ambos os casos, 20% do espaço será destinado ao logotipo da prefeitura e 80% ao logotipo ou nome do patrocinador.

VERDE ASSINADO

Foi por meio do modelo de compensação ambiental criado para o projeto de corredor verde do Minhocão que começou a ser construído nesta terça (17) a segunda empena verde do centro.

O projeto do jardim do edifício Santa Cruz, cuja empena cega (laterais de prédios onde não há janelas) tem 561 metros quadrados, foi desenhado pelo artista catalão, baseado no Rio de Janeiro, Daniel Steegman Mangranè. Ele criou uma sobreposição de losangos em diversos tons de verde contornados por plantas de floração amarela, que delimitam o desenho.

Cada projeto de jardim vertical do Minhocão será desenhado por um artista plástico diferente, com curadoria de Matthew Wood, um dos sócios da galeria paulistana Mendes Wood e autor do projeto do primeiro jardim da área, inaugurado em setembro deste ano.


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