Folha de S. Paulo


Prefeitura de São Paulo prevê cenário grave de dengue em 2016

A gestão Fernando Haddad (PT) prevê que a cidade de São Paulo terá um cenário grave de dengue no começo de 2016 e lançará neste sábado (14) um plano para tentar combater a disparada da doença.

Projeções de técnicos do município alertaram para a possibilidade de atingir 200 mil casos de dengue se houver falha do poder público.

Trata-se do dobro das ocorrências notificadas em 2015, quando houve recorde histórico de pessoas atingidas e do número de mortes por causa da doença –23 na cidade, 11 dos quais estavam em hospitais privados, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.

"Trabalhamos com um cenário de que vamos conseguir manter o número de casos, entre 100 mil e 150 mil, no máximo", disse à Folha Alexandre Padilha, secretário de Saúde da gestão petista, que admite ser grave a situação.

Fora da capital, a dengue no Estado foi ainda mais avassaladora neste ano. Morreram 435 pessoas, com mais de 690 mil casos da doença.

O governo Geraldo Alckmin (PSDB) também avalia com preocupação a situação da doença em 2016, principalmente nas médias e grandes cidades de São Paulo.

O secretário David Uip, que é infectologista, admite a derrota em relação aos resultados deste ano. "Nossos esforços em 2014 e 2015 não foram suficientes para conter a epidemia, falhamos", diz. Para ele, resta agora olhar para frente. "Vamos ter de trabalhar mais e convencer as pessoas a tomarem os cuidados adequados contra o mosquito."

A prefeitura atribui as projeções para a dengue em 2016 ao cenário recente de seca e altas temperaturas –que, afirma, favorecem a proliferação das larvas do mosquito.

O Estado avalia que a população não estava protegida e que é preciso conscientizar a população –discurso repetido pela gestão Haddad.

A mensagem do município é de que não pode haver água acumulada em vasos e pneus e que até um inocente cachepô no centro da mesa da sala precisa ser monitorado.

Cerca de 80% dos focos da dengue estão dentro das casas ou nos quintais.

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VARREDURA

Como parte do plano de combate à dengue, a partir da semana que vem os técnicos da prefeitura farão uma varredura em imóveis que tiveram casos confirmados em 2015. "A ideia de visitar estes locais é mostrar que mesmo as pessoas que ficaram doentes estão preocupadas em não deixar água acumulada para desenvolvimento das larvas", afirma Padilha.

O plano prevê a aplicação de larvicidas e inseticidas em lugares estratégicos da cidade, identificados a partir de visitas prévias dos agentes.

Os agentes da vigilância também vão ter, por lei, o direito de entrar na casa das pessoas para erradicar focos da doença. As redes sociais também serão monitoradas para verificar queixas de casos e mosquitos em locais onde a doença tende a aparecer com força nas semanas seguintes.

VACINA

O secretário da Saúde de São Paulo, o médico infectologista David Uip, afirmou à Folha que o Estado "está pronto" para iniciar a fase três de testes com a vacina contra a dengue. Parte do financiamento da ação foi garantido pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

"Já estamos chamando laboratórios nacionais e internacionais para conversar sobre a produção. A pendência ainda é de liberação da Anvisa, que nos prometeu uma resposta para outubro e está atrasada", afirmou Uip.

Na fase três, a vacina é testada em sua eficácia, com a aplicação da dose em milhares de pessoas voluntárias. Para a etapa, o investimento é de R$ 300 milhões, com parte dele vinda do banco federal.

Do final da pesquisa até a fase de produção da vacina, o Estado estima um prazo de cinco anos.

"Termos a garantia do financiamento nos dá segurança de trabalhar. Ter uma solução definitiva para a dengue virou uma atitude de Estado. Será uma conquista estratégica não para o Estado, mas para o Brasil e o mundo."


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