Folha de S. Paulo


Polícia investiga 70 usuários de rede social por injúrias contra Taís Araújo

Reprodução
Taís Araújo recebe comentários racistas em página no Facebook
Taís Araújo recebe comentários racistas em página no Facebook

Ao menos 70 perfis de usuários do Facebook estão sendo investigados pela Polícia Civil do Rio após a atriz Taís Araújo ser alvo de ofensas racistas em uma rede social. No dia 31 de outubro, uma foto publicada em seu perfil no Facebook recebeu diversos comentários chamando-a de "macaca", "criola", "cabelo de esfregão", entre outras ofensas.

Titular da Delegacia de Repressão à Crimes de Informática (DRCI), Alessandro Thiers explicou à Folha nesta terça-feira (10) que ainda aguarda informações do Facebook para poder intimar os envolvidos.

Na última quinta-feira (6), a rede social recebeu uma ordem judicial para repassar à polícia os dados dos agressores, com o prazo de 24 horas. Desde então, as informações foram entregues apenas parcialmente, disse o delegado.

O Facebook pode ser punido em R$ 50 mil reais por dia pelo atraso no repasse dos dados, de acordo com o delegado.

Thiers disse que a polícia tem conseguido identificar e indiciar os envolvidos nesse tipo de caso. "O problema é que a pena é muito branda", disse ele.

O delegado pretende indiciar os agressores de Taís por injúria racial, cuja pena máxima é de 3 anos e multa, podendo aumentar caso sejam encontrados agravantes.

O presidente da Comissão de Igualde Racial da OAB-RJ, Marcelo Dias, defende que os usuários que publicaram ofensas de Taís Araújo sejam indiciados por crime de racismo, cuja punição máxima é de 5 anos de detenção, e não somente injúria racial.

"Se o agressor é condenado [por injúria], além de a pena ser branda, ela ainda pode ser convertida para medidas alternativas. É a sensação de impunidade a responsável por fazer com que esse tipo de crime continue a acontecer", afirmou Dias.

Segundo o código penal brasileiro, o crime de injúria racial corresponde a ofensas à raça, etnia, cor, origem de uma determinada vítima. Já o crime de racismo consiste em atitudes discriminatórias que afetem um grupo como um todo.

"Quando os crimes de racismo são praticados na internet, milhões de pessoas têm acesso e são atingidas", acrescentou Dias.

A Folha procurou a assessoria de imprensa do Facebook, mas não houve retorno até a publicação desta nota.

Procurado, novamente, para comentar as críticas da OAB, o delegado Alessandro Thiers não atendeu às ligações.

A assessoria de imprensa de Taís declarou que a atriz não vai mais se pronunciar sobre o ocorrido e que confia nas investigações da polícia.


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