Folha de S. Paulo


Avanço de lama de barragem deixa 300 mil sem água e suspende aulas

Secom/PML
Obra em Linhares, no Espírito Santo, para evitar que a lama da barragem no rio Doce afete o abastecimento de água
Obra em Linhares (ES) para evitar que a lama da barragem no rio Doce afete o abastecimento de água

Mais de 300 mil pessoas sem água, 25 mil estudantes fora das escolas, peixes mortos e prejuízos ambientais e econômicos incalculáveis.

Os estragos causados pelo rompimento, na última quinta (5), de duas barragens da mineradora Samarco, em Mariana (MG), já afetam áreas a mais de 500 km. O corpo da terceira vítima foi identificado e ainda há 24 desaparecidos.

O governo do Espírito Santo pediu doações de água mineral para os municípios de Baixo Guandu, Colatina e Linhares, que serão afetados pela onda de lama.

As aulas foram suspensas em Baixo Guandu e Colatina, sem previsão de retomada.

Os rejeitos atingiram o reservatório da cidade mineira de Aimorés, a 500 km de Bento Rodrigues (onde as represas se romperam), no fim da tarde desta segunda (9), suspendendo a captação de água para abastecer Baixo Guandu, na divisa do Espírito Santo com Minas. Cerca de 25 mil pessoas foram afetadas.

A lama deve chegar a Colatina, com 111 mil habitantes, na manhã desta terça, e seguir até Linhares, onde moram cerca de 140 mil. O abastecimento nessas cidades também pode ser suspenso.

Já em Governador Valadares, cidade mineira com 280 mil habitantes, o abastecimento foi interrompido domingo, sem previsão de volta.

As primeiras análises apontaram que, devido à grande quantidade de lama e ferro, não é possível tratar a água.

"Exigimos da Samarco uma análise técnica apurada, mas também o empenho dela porque é a única e maior responsável pela tragédia ecológica que se abateu sobre o rio Doce", disse a prefeita Elisa Costa (PT). A cidade elaborou um plano para abastecer hospitais, asilos e escolas com carros-pipas.

Mapa: Caminho da lama

Rodolfo Zulsk, presidente da colônia de pescadores local, conta que esteve nesta segunda na represa da Usina de Baguari e, em meia hora, retirou com outros colegas 500 kg de peixes mortos.

Outros animais foram afetados pela tragédia. Só no domingo (9), 22 cães foram resgatados pelos bombeiros nos locais atingidos pela lama. No fim de semana, foram 50 gatos localizados, além de aves, porcos e vacas.

O barro já atingiu, ao todo, 15 cidades mineiras.

O governo capixaba montou um comitê de emergência para acompanhar o caso.

Para facilitar o escoamento da lama, em Linhares funcionários removem bancos de areia que, devido à seca, fecharam a foz do Rio Doce.

O Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo intimou a mineradora a providenciar a reparação de prejuízos ambientais e socioeconômicos.

A mineradora também foi notificada a fazer a distribuição imediata de água potável para consumo humano e animal e monitorar a qualidade da água do rio Doce e do mar.


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