Folha de S. Paulo


Lama avança, e governo do Espírito Santo faz apelo por água mineral

O governo do Espírito Santo lançou nesta segunda-feira (9) uma campanha para a doação de água mineral para abastecer os moradores dos municípios de Baixo Guandu, Colatina e Linhares, que devem ser afetados pela onda de lama resultante do rompimento das barragens da mineradora Samarco em Mariana, Minas Gerais. As doações estão sendo recebidas pelo Corpo de Bombeiros do Espírito Santo.

A Secretaria de Estado da Educação informou que, devido às dificuldades no abastecimento de água em Baixo Guandu e Colatina, as aulas em 12 escolas estaduais dos dois municípios foram suspensas a partir desta segunda. Aproximadamente 9.500 alunos estudam nessas escolas.

Além disso, cerca de 3.000 alunos das 21 escolas municipais de Baixo Guandu tiveram as aulas suspensas. Em Colatina, as 42 escolas municipais, com cerca de 13 mil alunos, fecharão temporariamente a partir desta terça (10). Não se sabe quando as aulas serão retomadas.

A previsão é que os rejeitos atinjam o reservatório da represa de Aimorés até o final da tarde, quando será suspensa a captação de água para abastecimento de Baixo Guandu, na divisa do Espírito Santo com Minas Gerais. Cerca de 25 mil pessoas devem ser afetadas.

Na manhã desta terça, a lama deve chegar a Colatina, cidade com 111 mil habitantes, e seguir até Linhares, onde moram cerca de 140 mil pessoas.

Caminho da lama

Além de água mineral, governo e prefeituras pedem ajuda a empresas que possam ceder carros-pipa para atuar nos municípios. Em Colatina, cerca de 30 carros-pipa emprestados por outras prefeituras já estão mobilizados para assegurar o abastecimento de água para moradores e os serviços essenciais, como hospitais e postos de saúde. A captação e o tratamento de água no município, no entanto, só serão interrompidos quando a lama chegar à cidade.

O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), montou um comitê de emergência para acompanhar o caso —ele deve sobrevoar a região ainda nesta segunda.

O prefeito de Colatina, Leonardo Deptulski, disse que, assim que a lama atingir a cidade, serão feitas análises da qualidade da água. "Acho que teremos ao todo entre 40 e 50 carros-pipa para mantermos o mínimo de atendimento, mas infelizmente o carro-pipa não substitui a captação", disse.

Máquinas da Prefeitura de Linhares começaram a trabalhar nesta manhã para remover bancos de areia que, devido à seca no Espírito Santo e em Minas Gerais, haviam fechado a foz do Rio Doce —o objetivo é facilitar o escoamento da lama. Desde o mês passado o rio já não chegava ao mar, por conta do baixo volume de água.

A Defesa Civil do Estado recomendou que os moradores deixem as ilhas ao longo do rio Doce, pois ainda não é possível saber se haverá inundações decorrentes da passagem da lama pela região. A Defesa Civil também orientou os pescadores a saírem do rio e a amarrarem seus barcos em áreas mais altas, para evitar que as embarcações sejam carregadas pelas águas.

MORTOS

A polícia confirmou hoje o nome da segunda pessoa que morreu após o rompimento de duas barragens na zona rural de Mariana (MG). Ainda há 25 pessoas desaparecidas.

Segundo o delegado Rodrigo Bustamante, a família de Sileno Narkievicius de Lima, 47, identificou o corpo. Ele era motorista da Integral Engenharia, empresa que prestava serviços à Samarco, mineradora responsável pelas barragens.


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