Folha de S. Paulo


Mulheres fazem manifestação contra projeto do Congresso no centro de SP

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Um grupo de mulheres realiza nesta sexta-feira (30) um protesto contra o Projeto de Lei 5069/13, que, entre outras medidas, dificulta o aborto legal e restringe a venda de medicamentos abortivos no país. Para movimentos sociais, a proposta poderia impedir até mesmo a venda da pílula do dia seguinte.

Por volta das 21h30, as manifestantes entoavam, na escadaria da catedral da Sé, palavras de ordem contra a proibição do aborto. O protesto, que começou às 18h, foi encerrado às 22h.

Enquanto caminhavam, as mulheres pararam para fazer encenações, tocaram bateria e cantavam gritos de guerra. "O corpo é nosso. Legalize [aborto]", diziam em uma das músicas. Outras pintaram em seu corpo a frase "Fora Cunha". Há ainda diversos cartazes críticos ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), autor do projeto de lei criticado por elas. "Ai ai ai ai, se empurrar o Cunha cai", gritaram as manifestantes em frente à catedral.

Durante o ato, a pista do sentido Paraíso da avenida Paulista foi bloqueada. Elas saíram da praça do Ciclista, próximo à rua da Consolação e viraram à esquerda, na avenida Brigadeiro Luís António, no sentido centro. As organizadoras do protesto estimam que 15 mil pessoas participaram do ato.

Um grupo de policiais com escudos acompanha a manifestação. A PM contabilizou 5.000 manifestantes.

O projeto foi aprovado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara na última semana e precisa ser avalizada pelo plenário da Casa, para depois tramitar no Senado.

"Estávamos acompanhando esse projeto de lei há tempos e quando ele foi votado, percebi que isso abalou muitas mulheres do coletivo com o qual trabalho", disse Jaqueline Vasconcellos, 35, programadora cultural e uma das organizadoras do ato 'Pílula fica, Cunha sai'.

"O principal foco do ato é que o projeto de lei retira o direito de atendimento a mulheres pelo SUS sem o exame de corpo de delito", explica.

De acordo com o texto da lei, a mulher que quiser fazer aborto legal só poderá ser atendida no hospital depois que comprovar, por meio de exame de corpo e delito, ter sofrido abuso. O mesmo vale para ter acesso ao aborto legalizado na rede pública, previsto por lei em casos de estupro.

"Imagine se você sofresse uma violência e tivesse que provar isso –o mais rápido possível– já traumatizada, ao invés de chegar no pronto socorro e ser medicada imediatamente?!", diz Jaqueline. "Essa é uma causa de toda a sociedade, pois é referente a um direito nosso de atendimento médico contra violência", diz Jaqueline.

NO RIO

Na última quarta-feira (28), mulheres realizaram um protesto semelhante no Rio de Janeiro. De acordo com a PM, entre 400 e 500 pessoas compareceram ao ato.


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