Folha de S. Paulo


Associação reúne 'cartas de amor' para distribuir a moradores de rua no Natal

Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
Marcos Corujo de Oliveira, 9, que já escreveu dez mensagens
Marcos Corujo de Oliveira, 9, que já escreveu dez mensagens

Em um pedaço de papel, adornado com imagens de estrelas, flores e o desenho de um coração com a inscrição "esperança", uma mensagem escrita à mão: "Espalhe os sentimentos mais bonitos que tocam sua alma. Recebemos aquilo que ofertamos: respeito, compreensão, amor, cooperação".

A mensagem acima é parte de uma das 2.000 "cartas de amor" que uma associação beneficente de São Paulo planeja entregar a moradores de rua, pessoas que vivem em abrigos e em casas de repouso no Natal, com presentes e alimentos.

"As cartas podem ser assinadas ou anônimas. Não existe nenhuma exigência de linguagem e queremos incentivar as crianças a participarem do projeto, para despertar nelas sentimentos de solidariedade e fraternidade", diz Kitty Balieiro, da coordenação da Associação Beneficente Fraternitas Nosso Lar.

À MÃO

Aos voluntários, porém, são feitos dois pedidos: as cartas precisam ser manuscritas –para "jogar toda a atenção e boas vibrações"– e conter uma mensagem positiva, amorosa, de incentivo a quem vier a recebê-las.

"Não temos intenção de fazer leituras prévias para avaliação, porque acreditamos que quem se dispõe a escrever uma carta de amor, certamente, vai escrever apenas isso, uma carta de amor", declara Balieiro.

O garoto Marcos Santa Bárbara Corujo de Oliveira, 9, escreveu dez mensagens, mas pretende chegar a 50 até o final da campanha.

Para ele, o objetivo das missivas é tentar despertar um sentimento novo em dependentes químicos da cracolândia, na região central de São Paulo, um dos locais onde haverá a ação beneficente.

"Existem pessoas na cracolândia que se esqueceram que foram crianças, que já tiveram várias comemorações na vida ao lado de suas famílias. Escrevi para inspirá-las a terem uma vida nova, para se motivarem a sair daquele lugar horrível", disse.

As entregas natalinas também serão feitas nos arredores da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais), na Vila Leopoldina, zona oeste, e dos viadutos Bresser, na Mooca, e Alcântara Machado, no Brás, ambos na zona leste.

Na avaliação da psicóloga Karla Garcia Luiz, do Instituto Federal de Santa Catarina, é difícil avaliar o efeito da iniciativa em curto prazo.

"É muito subjetivo o efeito que isso [o recebimento das cartas] causará em cada um. É preciso analisar com mais profundidade. Mas, de modo geral, a iniciativa é válida e sempre atinge as pessoas positivamente", declarou.

Para contribuir, é preciso enviar ou entregar o manuscrito até 10 de dezembro no endereço r. Rui Amaral Lemos, 571, Vila Dalva, CEP: 05388-070 - São Paulo - SP.


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