Em meio a um racionamento de água que atinge milhares de pessoas da Grande SP, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) disse que irá a Brasília no mês que vem para receber pessoalmente um prêmio dado pelo Congresso Nacional por sua gestão nos recursos hídricos do Estado.
"Modéstia à parte, [o prêmio] é merecido", afirmou Alckmin, cuja condução da crise da água é alvo, desde 2014, de críticas tanto da população como de especialistas e entidades representativas de água e saneamento.
O governador foi um dos vencedores do prêmio sobre iniciativas de mobilidade e saneamento criado por uma comissão da Câmara. O nome de Alckmin foi indicado pelo deputado tucano João Paulo Papa (SP), ex-diretor da Sabesp.
O deputado disse que a atual crise hídrica apenas joga luz no esforço do governador no setor de saneamento.
Na avaliação do governador, "São Paulo hoje é um modelo para o Brasil do ponto de vista de recursos hídricos".
O Estado de São Paulo atravessa a pior estiagem dos últimos 85 anos. Agravada no início de 2014, a crise deixou à beira do colapso os principais reservatórios, enquanto diferentes bairros convivem com torneiras secas até 20 horas por dia.
No início da seca, durante o ano eleitoral do ano passado, quando disputou e venceu a reeleição, Alckmin tomou decisões e deu declarações numa linha que atenuava a gravidade da situação.
Por exemplo: evitou aplicar a sobretaxa na conta dos "gastões", minimizou os efeitos do racionamento e até hoje não apresentou um plano de contingência para o caso de decretação de rodízio (corte do fornecimento de água).
Mais recentemente deu mau exemplo: três prédios centrais da administração do governo do Estado foram flagrados consumindo mais água do que deveriam.
Para a ANA (Agência Nacional de Águas), faltou planejamento ao Estado. Já para o TCE (Tribunal de Contas do Estado), o governo paulista tinha indícios da gravidade da estiagem e poderia ter adotado ações mais eficientes.
AÇÕES 'HISTÓRICAS'
Nesta quarta (23), ao justificar a premiação, Alckmin listou as ações, alguma "históricas", segundo ele, tomadas pela sua gestão no combate à crise da água.
O fato histórico, segundo ele, é a "interligação de duas bacias diferentes" -a represa de Jaguari e o sistema Cantareira, cujas obras ainda nem sequer foram iniciadas.
Alckmin dividiu os méritos da "conquista" do prêmio com os moradores do Estado.
"O prêmio não é a mim, mas a toda população de São Paulo, ao esforço que foi feito pela Secretaria de Recursos Hídricos e pela Sabesp."