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Em guerra com aplicativo Uber, táxi oferece de drinque a TV em São Paulo

Eduardo Knapp/Folhapress
O taxista Jadielson Rodrigues oferece diversas regalias aos clientes, água, tablet e até drinques
O taxista Jadielson Rodrigues oferece diversas regalias aos clientes, como água, tablet e até drinques

"Boa noite, a senhora aceita água, balas ou chiclete? Quer mudar a temperatura do ar ou a estação de rádio?"

A concorrência com o aplicativo de transporte particular Uber tem feito com que taxistas recorram a diversos "mimos" para os passageiros.

Nesta semana, a Câmara Municipal aprovou em segunda votação um projeto que veta o uso do Uber em São Paulo. O prefeito Fernando Haddad (PT) vai analisá-lo e pode bloquear o serviço.

Desde que chegou ao país, o aplicativo é considerado pela Prefeitura de São Paulo como transporte clandestino. A fiscalização deficiente, no entanto, permite que ele seja usado pelos paulistanos.

Com ponto nos Jardins (zona oeste de SP), Jadielson Rodrigues, 38, oferece wi-fi grátis e trilha sonora criada sob medida com as músicas preferidas de clientes assíduos.

"Mapeio o gosto dele na corrida e, quando o cliente retorna, está tocando o tipo de música que deixa ele bem."

Rodrigues aprendeu técnicas de atendimento quando trabalhou em grandes hotéis da capital. "Deu tão certo que fidelizei vários clientes."

BALAS E DRINKS

Um deles é a advogada Tatiana Alves, 25, que sempre chama Rodrigues quando vai ao trabalho ou a uma festa. "Indico para todo mundo. Ele até serve um drinque no carro quando sabe que vou para a balada."

Para ganhar a disputa com o aplicativo de motoristas particulares, o taxista Fabiano Reche, 39, aposta na diversificação de serviços. "Busco documento no emprego e até molho de chaves na casa."

Nesses casos, ele cobra o valor de uma corrida comum, ligando o taxímetro ao pegar o produto e cobrando o registrado na hora da entrega.

Já Wagner Caetano, 39, instalou TV no banco de trás do táxi para os passageiros –alguns até jogam videogame ali–, mas diz que o pacotinho de balas é o que faz mais sucesso. "Os clientes amam. O ideal seria a prefeitura passar a exigir alguns serviços extras. Mas os taxistas também devem fazer uma autocrítica para melhorar o serviço, em vez de só criticar o Uber", diz.

A vantagem para os clientes desses táxis é que eles não cobram pelas regalias.

O presidente do sindicato dos taxistas, Natalício Bezerra, não condena a oferta de extras, mas avalia que essa não deve ser uma preocupação. "Nossa função não é ficar dando balinha ou chocolate. É andar com o carro limpo, a roupa higienizada e tratar o cliente com dignidade."

AEROPORTO

Para competir com o Uber, aplicativos de táxi disponibilizaram corridas para o aeroporto de Guarulhos (região metropolitana) sem o pagamento da taxa extra de 50%. Basta o passageiro acionar a opção e aguardar quem concorde com a tarifa reduzida.

A redução já é válida para os aplicativos 99Taxis, Via Táxi e Fuji Táxi. A Easy Taxi também deve aderir ao desconto.


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