Folha de S. Paulo


Táxis e prefeitura fazem 'tabelinha' para impedir o Uber em Cumbica

Na falta de um posto fixo da Prefeitura de Guarulhos que fiscalize o transporte irregular no aeroporto de Cumbica, os agentes públicos contam com a ajuda de uma parte bastante interessada no assunto: os taxistas do local.

Os motoristas são empenhados, sobretudo, em encontrar carros do Uber, aplicativo de transporte particular que vem causando revolta na classe.

No aeroporto, só os táxis da cidade filiados à cooperativa Guarucoop têm autorização para pegar passageiros. Proibidos de voltar com clientes, cobram 50% a mais no valor do taxímetro quando deixam alguém na capital. Uma corrida do aeroporto à praça da Sé, no centro de SP, por exemplo, sai por R$ 114.

José Luís Oliveira, 49, funcionário da Guarucoop, trabalha na área de embarque de Cumbica. Sua função é inspecionar qualquer tipo de transporte irregular.

Uma situação fácil de identificar, relata, é quando vê motoristas engravatados em sedãs novos e pretos, com vidros escuros e passageiros no banco de trás, ficarem nervosos ao serem interpelados pelo fiscal. Aí, diz, "pode saber que é Uber".

Oliveira, então, envia uma mensagem pelo celular a um contato na prefeitura com a placa do carro suspeito. Agentes municipais são mobilizados a fim de parar o motorista e verificar se, de fato, é transporte irregular.

Junto com a fiscalização, chega um táxi para levar os passageiros que porventura estiverem no veículo. Desde 23 de julho, mais de 20 carros do aplicativo foram apreendidos em Guarulhos.

Clique na infografia: Como funciona o Uber

PARCERIA

Assim como Oliveira, outros fiscais e motoristas de táxi avisam as autoridades quando percebem que há um carro do Uber no local. Prefeitura e taxistas dizem que não há parceria oficial. Afirmam que os táxis chegam junto com a fiscalização para não deixar passageiros a pé.

A fiscalização mudou o comportamento dos motoristas do aplicativo. Marcelo Souza, taxista há dez anos no aeroporto, afirma que os carros do Uber passaram a deixar passageiros no estacionamento, não mais nas entradas do aeroporto.

Os veículos pretos de luxo costumam ser mais vistos no terminal 3, destinado a voos internacionais. "É porque o pessoal tem mais dinheiro", diz o taxista Wagner Lopes.

Um motorista do Uber que não quis ser identificado disse que evita transportar passageiros ao aeroporto em horários de pico.

NÃO REGULADO

Em nota, a empresa informou que "não concorda com apreensões porque o serviço prestado pelo motorista parceiro da Uber não é de táxi" e que "o serviço não é regulado, mas isso não significa que ele é ilegal".

Clique na infografia: Uber no Brasil


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