De um lado, um caminhão de som forrado de bandeiras do movimento LGBT. De outro, um veículo do mesmo tamanho com uma imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Enquanto padres, freiras e alunos de colégios católicos rezam o Credo, professores da rede pública ao lado de transexuais e travestis pedem igualdade de gêneros ao som de "Beijinho no Ombro" de Waleska Popozuda.
Os grupos rivalizam numa disputa de carros de som em frente à Câmara de São Paulo, onde deve ser votado hoje o Plano Municipal de Educação, que define os rumos do sistema de ensino da prefeitura para os próximos anos.
O texto passará pela segunda votação. Na primeira, foi aprovado sem menções a gênero ou diversidade sexual.
Quando estava na comissão de educação, o vereador Toninho Vespoli (PSOL) colocou diversos itens que pediam igualdade entre gêneros, incluindo o direito de professores travestis usarem os nomes que quisessem.
Tudo foi retirado na Comissão de Finanças, formado por vereadores ligados à Igreja Católica, como Ricardo Nunes (PMDB). O texto deve ser aprovado com o mesmo conteúdo da primeira discussão.
Enquanto grupos gays empunham cartazes com as inscrições "tirem Jesus da Cruz" e "eu preciso de gênero na escola", entre os religiosos havia "Somos família, não ao gênero", "gênero é armadilha para a pedofilia.
Os religiosos também soltaram balões que formavam um Rosário.
Já os opositores deles colaram fotos de alunos e professores com mensagens em favor da diversidade.
A prefeitura separou os dois blocos com cavaletes, dando uma distância de cerca de 20 metros entre um e outro.
"Não adianta lutar contra o arcabouço. Estamos falando de natureza. Qualquer pensador honesto sabe que a realidade é o que é, não dá para mudar a natureza, não é nem uma questão religiosa ", disse um padre à reportagem.
"Tenho a Bíblia em casa e sei que o que importa é a igualdade. E discutir a questões de gênero é igualdade" disse, no outro lado, uma professora.
A PM não estimou público.