Folha de S. Paulo


Quase 1/3 das crianças com menos de 2 anos bebe refrigerante, aponta IBGE

Ricardo Borges/Folhapress
Bebê de 1 ano e 8 meses toma suco artificial em parque, acompanhada de seu pai
Bebê de 1 ano e 8 meses toma suco artificial em parque no Rio de Janeiro, acompanhada de seu pai

Quase um terço das crianças (32,3%) com menos de 2 anos toma refrigerante ou suco artificial, apontou a Pesquisa Nacional em Saúde, divulgada nesta sexta-feira (21) pelo IBGE.

Esse percentual aumenta nas regiões de maior renda do país, como Sul (38,5%), Centro-Oeste (37,4%) e Sudeste (34,2%).

De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, Eduardo da Silva Vaz, os refrigerantes e sucos artificiais são ricos em açúcares e totalmente contraindicados para as crianças nessa faixa etária.

Atualmente, segundo ele, a obesidade infantil é um problema mundial e o Brasil não fica de fora. O excesso de consumo desses produtos pode levar a diabetes na adolescência e na fase adulta. Além do problema com o açúcar, esses produtos também podem levar a sobrecarga no rim, devidos aos conservantes, muitas vezes com sódio.

Clique na infografia: Consumo de refrigerante ou suco artificial
Atualmente, explicou, a obesidade infantil é um problema mundial e o Brasil não fica de fora. O excesso de consumo desses produtos pode levar à diabetes na adolescência e na fase adulta. Além do problema com o açúcar, esses produtos também podem levar a sobrecarga no rim, devidos aos conservantes, muitas vezes com sódio.

Vaz explica que não é necessário vetar completamente o refrigerante –durante uma festinha, por exemplo– ou suco artificial –muito dado nas escolas e creches– mas é preciso estar atento para a alimentação das crianças.

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"Atualmente temos muito poucos casos da desnutrição infantil clássica. Temos, sim, desnutrição por falta de determinadas vitaminas, mas não por falta de alimentos em geral. O grande problema atual é a obesidade infantil. Esse hábito alimentar vai cobrar seu preço nas fases da adolescência e adulta", disse.

Vaz alerta também que nem mesmo o suco natural é indicado livremente, já que ele contém também altos teores de frutose, o açúcar natural das frutas.

"A questão é que, para você fazer um suco de laranja, você precisa de cinco laranjas. É melhor que você dê uma fruta para a criança comer, que ela tem a fibra que rebate o açúcar. Não é totalmente contraindicado, mas você não deve passar de 200 ml de suco por dia".

Clique na infografia: Suplementação sulfato ferroso

BOLACHA

A pesquisa do IBGE mostrou também que 60,8% das crianças menores de dois anos consomem biscoitos, bolachas ou bolos. Vaz explica que, a partir de um ano, a criança já está liberada para comer alimentos sólidos.

Biscoitos, desde que não sejam recheados –esses têm muita gordura trans–, e bolos podem ser dados às crianças na hora do lanche. O perigo de usar em excesso, explica, é que os doces acostumam mal o paladar dos pequenos, que podem ter dificuldade para comer alimentos mais saudáveis, certamente menos apetitosos que alimentos ricos em açúcar. "Não aconselhamos introduzir doces nessa faixa etária".

"Uma outra recomendação é que a família tente fazer pelo menos uma refeição por dia junto com a criança, interagindo com os pais à mesa, com a TV desligada. Isso, além de ser importante na educação alimentar, ajuda no desenvolvimento da personalidade da criança e dá a ela mais autoconfiança, porque ela vê ali uma oportunidade de se abrir com a família, uma segurança maior nos pais", afirmou.

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