Folha de S. Paulo


Bope prende um dos principais líderes do Comando Vermelho no Rio

Policiais do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) prenderam nesta terça-feira (11) os traficantes Ricardo Chaves de Castro Lima, 44, e Cláudio José de Souza Fontarigo, 45, conhecidos como Fu da Mineira e Claudinho, respectivamente.

Fu é considerado um dos principais líderes do Comando Vermelho. Em 2009, ele comandou uma série de ataques a ônibus e delegacias no Rio. Já Claudinho, seu primo, foi considerado nos anos 1990 um dos principais sequestradores da cidade.

A prisão ocorreu no Complexo do Chapadão, na zona norte da cidade. Além deles, outros quatro traficantes foram presos. O grupo portava cinco fuzis.

Reprodução/Twitter/Real_BOPE_RJ
Os traficantes Fu da Mineira, Claudinho, e mais quatro criminosos foram presos no Complexo do Chapadão, no Rio
Seis traficantes presos pelo Bope, na frente estão os traficantes Claudinho (à esq.) e Fu da Mineira

Tanto Fu quanto Claudinho eram considerados foragidos do sistema penitenciário desde agosto de 2013, quando, então presos em um presídio federal de Rondônia, receberam benefício para visitar a família por sete dias.

Na Justiça, Claudinho confessou que fez o disparo que matou o traficante Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, durante uma rebelião no Complexo de Bangu, zona oeste do Rio, no ano de 2002. A rebelião foi comandada por Luiz Fernando da Costa, o Beira-Mar, que atualmente cumpre pena em um presídio federal.

Os dois devem retornar ao presídio federal, onde cumprem pena por sequestro, homicídio, tráfico de drogas e assaltos.

MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO

Após a prisão dos traficantes no Complexo do Chapadão, o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou nesta terça que prepara uma proposta de mudança no Estatuto do Desarmamento para que criminosos com porte de arma de uso restrito das Forças Armadas tenham penas mais duras.

Com os bandidos estavam armamentos como um fuzil .50. "Não é possível essas pessoas terem fuzis em casa ou numa comunidade com milhares de pessoas. Isso não pode ser tratado de maneira normal, como comumente nos diz a lei".

Ele também criticou a progressão de regime para traficantes que são presos com armas pesadas.

Para o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello, a reincidência no crime é grande, mas a hora é de cautela. "O aperfeiçoamento é constante, agora é muito ruim trabalhar-se em termos de alteração das leis em época de crise. E nós estamos vivendo uma época de crise nos diversos setores do país, vamos aguardar um pouco", disse.

PLAYBOY

A prisão dos traficantes ocorre três dias depois da morte de Celso Pimenta Pinheiro, 33, conhecido como Playboy, chefe do tráfico do Complexo da Pedreira, na zona norte. Os complexos da Pedreira e do Chapadão são controlados por facções rivais e separados somente por uma avenida.

Divulgação/ SSP Rio de Janeiro
Polícia mata traficante Playboy, o mais procurado do Rio de Janeiro
Polícia mata Playboy, o mais procurado do Rio

Tiroteios entre traficantes dos dois grupos vitima moradores e pedestres com frequência, como ocorreu no último dia 25 de junho, quando três pessoas que passavam pela via –que faz divisa com os complexos– foram atingidas por tiros.

De acordo com a Polícia Civil, os mortos foram identificados como Adriano Lima de Araújo, 26, Fabrício Almeida da Silva, 17, e Wellington Pimentel de Azevedo, 41. Adriano estava num carro de passeio, Fabrício em uma moto e Wellington dirigia uma betoneira.

A morte dos três motivou uma reunião entre Playboy, Fu e Claudinho da Mineira pelo rádio. Na gravação, interceptada pela polícia, os dois se comprometeram a não travar tiroteios a longa distância, mas com o único objetivo de não chamar a atenção para operações policiais.

"Aí, amanhã avança bagulho de UPP, vai prejudica pra nós dois, pô. Até quando nós vai ficar nessa aí, sendo burro, pô. Vocês é uma facção, nós é outra. É guerra de sangue. Eu tô aqui só para cessar tiro pra cá, tiro pra lá, mano, pra não chamar mais atenção da mídia", disse Playboy. Claudinho, concordou. "Com certeza, com isso tudo aí que tá acontecendo, quem diminui nosso espaço é nós mesmo", respondeu.

AULAS SUSPENSAS

Por conta da ocupação policial que se sucedeu após a morte de Playboy, as aulas foram suspensas em dez escolas e sete creches nesta segunda (10) na região de Costa Barros, zona norte do Rio. A decisão foi tomada pelas secretarias estadual e municipal de Educação.


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