Folha de S. Paulo


Porto Alegre tem escolas fechadas e policiamento reduzido nas ruas

Fernando Gomes/Agência RBS/Folhapress
Famílias de policiais militares protestam contra parcelamento dos salários do efetivo
Famílias de policiais militares protestam contra parcelamento dos salários do efetivo

Escolas estaduais fechadas, ônibus municipais da capital funcionando apenas parcialmente e policiamento nas ruas reduzido. Este é o cenário de Porto Alegre (RS) na manhã desta segunda-feira (3).

O motivo é a manifestação de mais de 30 entidades sindicais que representam os servidores estaduais do Rio Grande do Sul. Os trabalhadores protestam principalmente contra o parcelamento dos salários do mês de julho anunciado pelo governo José Ivo Sartori (PMDB) na última sexta (31).

Os sindicalistas mobilizaram centenas de pessoas em frente ao centro administrativo do Estado, em Porto Alegre, de manhã. Uma parte das linhas de ônibus deixou de circular em Porto Alegre (RS).

A EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação) informou que a empresa Carris, que opera cerca de 1.700 linhas, suspendeu sua operação por falta de policiamento.

A reportagem da Folha circulou pelo centro de Porto Alegre entre 9h15 e 12h e não viu nenhum homem da Brigada Militar (PM gaúcha) nas ruas –apenas quatro policiais no palácio Piratini, sede do governo. Os brigadistas estão aquartelados e evitam fazer o policiamento pelos bairros.

Na semana passada, policiais militares gaúchos chegaram a pedir a prisão de Sartori no TJ (Tribunal de Justiça) por causa do parcelamento dos salários.

Em comunicado, a Abamf (Associação dos Servidores de Nível Médio da Brigada Militar) pediu ainda que "a população não saia de suas casas" na segunda.

Além disso, o sindicato dos bancários conseguiu uma liminar na Justiça para que as agências não abram por falta de segurança –cada agência avaliará, no entanto, se vai funcionar ou não.

Logo após as 10h, a reportagem passou por quatro agências bancárias e todas estavam abertas.

'SARTORÃO'

No centro administrativo, os manifestantes entoaram palavras de ordem ao som de baterias e apitos. "Olê, olê, o funcionalismo quer trabalhar e o Sartorão não quer pagar", dizia uma das músicas.

"Sartorão" é uma referência ao governador Sartori _durante a campanha, ele foi apelidado de "Sartorão da Massa".

Na sexta, Sartori não participou da entrevista coletiva de imprensa que divulgou o parcelamento na sexta-feira e viajou com a família para o Paraná.

Hoje, quem recebeu os manifestantes na sede do governo foi o secretário da Casa Civil, Márcio Biolchi. Procurado, o governo não falou com a imprensa de manhã.

Faixas com os dizeres "Sartori não sabe governar, renúncia já" também foram penduradas em frente ao prédio onde funcionam a maioria das secretarias estaduais.

PARCELAMENTO

O parcelamento dos salários não atingem funcionários que recebem até R$ 2.150 –estes tiveram o salário depositado na íntegra. Os demais, cerca de 43% do total, receberão em mais duas parcelas em 13 e 25 de agosto, quase na data de vencimento do mês seguinte.

Além do parcelamento, o protesto é contra a privatização de estatais. A medida foi confirmada pelo governador José Ivo Sartori (PMDB), que ainda não comunicou quais áreas serão privatizadas.

Os trabalhadores também bloquearam parcialmente a avenida Borges de Medeiros e prometem uma manifestação em frente ao palácio Piratini.

"Não estamos insatisfeitos somente com o parcelamento. A crise é superestimada pelo governo para abrir caminho para as privatizações", diz Arienei Abreu, 51, funcionário do quadro técnico e integrante da diretoria do sindicato da categoria.

"Tenho três filhos e estou sem salário. Meu marido está pagando todas contas, mas é funcionário do Banrisul, não sabemos até quando", diz a professora Lídia Kroti, 50, professora de uma escola com 1.500 alunos, que está fechada hoje. O Banrisul é banco estadual que pode ser privatizado, dizem os sindicatos.


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