Folha de S. Paulo


Paulistanos aproveitam calor para pedalar e reclamam da falta de bikes

Paulistanos aproveitaram o forte calor no meio do inverno para pedalar na ciclovia da avenida Paulista e no Minhocão, na região central de São Paulo, durante a tarde deste domingo (2). Muitos deles, porém, reclamaram da falta de bicicleta para alugar.

Segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), da prefeitura, a temperatura máxima ficou em torno dos 28°C, com umidade relativa do ar acima dos 40% na maioria dos bairros paulistanos.

Os amantes de bicicleta aproveitaram o tempo firme para pedalar na ciclovia da Paulista e, também, no Elevado Costa e Silva, conhecido como Minhocão, que é fechado de domingo ao trânsito e aberto ao público.

Com o grande movimento, em alguns pontos houve até falta de bicicleta. "As bicicletas acabam porque o pessoal que aluga as deixa encostadas, para ficar batendo papo", queixava-se o gerente de restaurante Luiz Fioravanti, 37, morador do largo da Santa Cecília, na região central da cidade.

Já a advogada Vanessa Lacerda, 43, aproveitou a tarde de sol para passear de bicicleta pela avenida Paulista com a filha adolescente. Apesar de trabalhar em um prédio da avenida, Lacerda ainda não havia andado pelas novas ciclovias.

"Eu nunca tinha vindo, mas minha filha está aí todo fim de semana de skate", conta. A advogada diz que adorou a experiência, mas sentiu que faltam mais bicicletas disponíveis para o público na região. "Demoramos para conseguir estas", contou.

O MC Rafael Santos, 23, conhecido como MC Still em Osasco (Grande SP), onde mora, foi à avenida com outro objetivo. "Estamos procurando uma parede com grafite para tirar algumas fotos na frente", disse Santos, que estava acompanhado por três amigos. Um deles, Ricardo Lira, 25, sonha em se tornar fotógrafo profissional.

Já o operador de injetora Luís Rodrigues, 21, saiu de sua cidade para aproveitar o final de semana de sol em São Paulo com a família. Ele veio de Itatiba, no interior paulista, com a esposa e as duas filhas. "Já tomamos sorvete e andamos bastante. Agora queremos passear no parque [parque Trianon] e ficar por aqui mesmo até o fim do dia", conta.

PRIMEIRA VEZ

Fioravanti e a esposa Yara Medeiros, 35, pretendiam pedalar pela primeira vez pelo Minhocão. "Eu costumo vir à noite, lá pelas 2h, para fumar e andar. É sempre tranquilo", diz o gerente. "A gente estava em casa assistindo telvisão. Mas, num dia desses, não dá para ficar em casa vendo o programa do Celso Portiolli (do SBT), né?", disse Yara.

O inesperado veranico levou mais gente a se aventurar pela primeira vez como ocupante do espaço público. O domingo marcou, por exemplo, a estreia dos sete amigos do grupo Coletivo da Minhoca em um piquenique no local.

"A gente disparou convites pelo Facebook. Até apareceu um pessoal que não conhecíamos", disse Douglas Fonseca, 24, analista de sistemas e um dos organizadores.

"Com o tempo, vamos organizar churrascos e até discussões sobre como melhor usar o espaço", disse a publicitária Mariane Sanefugi, 22, namorada de Fonseca.

Bruno Gonçalves investiu R$ 26 em uma caixa de isopor e foi ver se vale a pena começar a vender cervejas no elevado. Chegou ao meio-dia e pretendia ir embora às 18h, com o pôr do sol. "Saíram cinco cervejas e quatro refrigerantes até agora", disse, às 16h30, à Folha. Se for sempre assim, vale", disse o vendedor.

"Para ser inverno, foi bem fora do normal", disse o vendedor de Coco Daniel Novais, 23, que trabalha no Minhocão há seis meses. "Hoje, vendi 150. Na semana passada, quando fez frio, não vendi nem metade", disse Novais.

A cerca de 500 metros dali, o Marechal Food Park, atrás da estação Marechal Deodoro, também tinha bom movimento. "Veio muita gente que já conhece este tipo de evento. Mas tem muito morador da região curioso, também", disse Diógenes Sampaulo, do truck Mocotó. "Mas dá para perceber que muita gente olha da entrada e fica intimidada", disse.

Produtor de cerveja artesanal, Luis Ferro, 37, juntou os amigos do trabalho parar um churrasco na praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu, na zona oeste. "O mês fechou bem, e decidimos comemorar", disse.

"Num dia de calor como esse, é legal ocupar a cidade, os espaços públicos. Temos de fazer mais isso. A população precisa ir para a rua", sugere o empresário. "Esse lugar é lindo. Sem futebol, é perfeito para se fazer um churrasco tranquilo."

Na zona norte, os tradicionais calçadão e ciclovia da avenida Braz Leme estavam com volume acima do normal para um fim de tarde de inverno. Mesmo por volta das 17h30, quando o sol já estava mais fraco, muita gente caminhava, passeava com seus cachorros e pedalava.

Casais de idosos ainda se exercitavam nos aparelhos de ginástica instalados em uma pequena praça na altura da rua Eudoro Lemos de Oliveira, em Santana.


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