Folha de S. Paulo


Cortes e falhas emperram obras de Alckmin para interligar cidades em SP

Comerciantes de Americana, na região de Campinas (interior paulista), não param de lamentar: a entrega do novo terminal metropolitano, que fará conexão com as vizinhas Nova Odessa e Santa Bárbara d´Oeste e permitirá a volta de clientes, foi adiada por três vezes em oito meses.

E as obras do corredor de ônibus, que deveriam ter sido concluídas em janeiro, só devem ser entregues em 2016.

Assim como em Americana, emperraram as outras três obras prometidas pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB) para interligar cidades paulistas em projetos de mobilidade.

Previstas no Plano Plurianual 2012-2015, conjunto de ações que a própria administração se propõe a cumprir, as quatro enfrentam problemas por cortes no Orçamento, falhas nos projetos originais ou disputas judiciais.

Além das obras na região de Campinas, sofrem com atrasos os corredores Itapevi-São Paulo e Guarulhos-São Paulo (Tucuruvi), além do VLT (veículo leve sobre trilhos) da Baixada Santista.

A gestão Alckmin culpa a crise econômica e a complexidade dos projetos.

A função deles é melhorar conexões regionais em áreas estratégicas onde linhas comuns de ônibus são insuficientes e lentas -ao mesmo tempo em que a construção de metrô não é justificada devido ao custo e à demanda.

O atraso no corredor Itapevi-São Paulo, de um ano, ocorre devido à rescisão do contrato no fim de 2014 com a empresa responsável pelo primeiro lote, de Itapevi a Jandira (5 km). A previsão é retomar as obras neste ano, mas sem prazo de conclusão.

O outro lote, entre Jandira e Carapicuíba (8,8 km), está ainda mais atrasado por depender de desapropriações.

O projeto final terá 23,8 km e vai cortar cinco cidades (Itapevi, Jandira, Barueri, Carapicuíba e Osasco) até chegar à zona oeste da capital -embora sem prazo para acabar.

Já as obras do corredor Guarulhos-São Paulo no trecho entre os terminais Cecap e Vila Galvão (12,3 km) estão atrasadas em um ano após divergências com a Prefeitura de Guarulhos. Em maio, elas foram embargadas por 21 dias por terem sido entregues inacabadas no mês anterior, segundo a prefeitura. O trecho final, de chegada à capital, porém, ainda não foi definido.

No VLT da Baixada, um primeiro trecho de São Vicente ao porto de Santos (11 km) deveria ter começado a operar em maio de 2014, mas disputas judiciais adiaram as obras para 2016. Até lá, serão realizadas só operações de teste.

Outros quatro corredores (Itapevi-Cotia, Cajamar-Santana de Parnaíba-Barueri, Perimetral Alto Tietê e Perimetral Leste) também são prometidos por Alckmin, mas seguem só em projeto.

Em Americana, um antigo terminal foi desativado em março de 2014. Os comerciantes reclamam que, sem as 15 mil pessoas que passavam por lá diariamente, as vendas caíram. A associação comercial diz que 12 lojas fecharam e houve cem demissões.

Falhas no projeto do terminal encareceram a obra em R$ 3,8 milhões -com a inclusão de um piscinão no local, que registra alagamentos.

OUTRO LADO

A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) admite os atrasos nas obras de mobilidade no Estado, mas aponta a crise econômica e a complexidade dos projetos, que envolvem desapropriações e disputas judiciais, como principais causas.

O diretor-presidente da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), Joaquim Lopes, responsável pelas obras, diz que houve contingenciamento neste ano de 25% a 30% do orçamento de R$ 494,3 milhões previsto pelo governo estadual.

No caso do corredor de ônibus entre Nova Odessa, Americana e Santa Bárbara d´Oeste, ele afirmou que, na tentativa de concluir as obras do terminal, R$ 10,3 milhões previstos para 2016 serão antecipados para este ano.

Em relação ao terminal de Americana, Lopes afirmou que houve atraso da prefeitura no desmonte da estrutura antiga e que não foi relatada a existência de uma caixa de captação de água pluvial no local. A prefeitura nega.

O diretor-presidente da EMTU diz que espera assinar contrato com uma nova empresa ainda este ano para concluir a obra do corredor Itapevi-São Paulo no trecho entre Itapira e Jandira.

Em relação ao trecho entre os terminais Cecap e Vila Galvão do corredor Guarulhos-São Paulo, a EMTU informou que algumas obras estavam sendo executadas quando a Prefeitura de Guarulhos decidiu pelo embargo.

Sobre a obra do VLT da Baixada, a assessoria informou que ela foi paralisada duas vezes, entre 2013 e 2014, e em março deste ano, após questionamentos do Ministério Público à Justiça, que já foram respondidos. As obras foram retomadas em 15 de junho.

Editoria de Arte/Folhapress


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