Folha de S. Paulo


Justiça decreta prisão de PMs por morte de jovem em favela do Rio

A Justiça do Rio decretou a prisão preventiva de dois policiais militares acusados de matar um adolescente durante operação na comunidade da Palmeirinha, em Honório Gurgel, zona norte do Rio, em fevereiro deste ano. Na ação, outro rapaz foi ferido no peito.

O sargento Ricardo Vagner Gomes vai responder pelos crimes de homicídio doloso (com intenção de matar), tentativa de homicídio e fraude processual. Já o soldado Allan de Lima Monteiro vai responder pelo crime de fraude processual.

Para a juíza Viviane Ramos de Faria, da 1ª Vara Criminal da Capital, a liberdade dos denunciados neste momento abalaria a tranquilidade pública e a própria credibilidade na justiça.

Na última quinta-feira (9), o Jornal Nacional, da "TV Globo", veiculou imagens das câmeras de segurança internas da viatura que mostram detalhes de como os policiais atiraram nos adolescentes e o socorro prestado.
Um outro vídeo, feito pelo celular de uma das vítimas, já mostrava que não havia ocorrido uma troca de tiros entre as vítimas e os agentes.

Nas imagens veiculadas pelo "Jornal Nacional" é possível ver Monteiro ao lado de Gomes e, atrás, o cabo Carlos Eduardo Domingos Alves.

No diálogo entre os policiais que precede os tiros, Gomes orienta Monteiro. "Mete o farol alto mesmo para a gente ver o que é". Monteiro responde: "Tem que chegar, chefe, eles vão estar para esquerda". Cerca de um minuto depois, Gomes projeta o corpo para fora do veículo e, segundos depois, realiza uma série de disparos.

No mesmo momento, imagens realizadas pela câmera externa do carro onde estão os policiais filma os dois jovens correndo e caindo, após serem baleados com os tiros. Lima é colocado dentro do veículo policial sem demonstrar reação. Ao seu lado Cezário estanca o sangue causado pela perfuração do tiro no peito.

As imagens do carro da polícia ainda mostram o socorro na chegada ao hospital. Lima, não sobreviveu. Já Cezário inicialmente ficou preso pois foi acusado pelos policiais de atirar contra eles. Mas, as imagens que estavam no seu celular mostraram a dinâmica da ação e ele conseguiu sua liberdade.

Em depoimento realizado na época, Cezário disse que brincava com Lima de fazer vídeos no celular, quando se assustaram com o carro da polícia e correram. Já os policiais, inicialmente, disseram que os jovens atiraram contra a viatura.

Em nota, a Polícia Militar afirmou que um inquérito da corporação encontrou indícios de crimes cometidos pelos policiais. Todos os envolvidos na ação respondem a processo administrativo disciplinar, estão afastados do policiamento de rua, e podem ser expulsos da PM.


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