Folha de S. Paulo


CPTM não aciona plano de emergência durante greve e passageiros reclamam

Usuários da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) afirmaram ter sido surpreendidos, não apenas pela greve da categoria, mas também pela falta de ônibus do Paese (plano de emergência), na manhã desta quarta-feira (3), para atender parte das linhas afetadas pela paralisação.

A SPTrans (empresa de transporte municipal em São Paulo) e a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) informaram que o Paese não foi colocado em prática porque a CPTM não o solicitou.

Quando acionado o Paese, ônibus gratuitos são colocados em circulação em trechos apontados pelo solicitante. No caso da SPTrans, eles atendem dentro da capital paulista e os da EMTU na região metropolitana. Segundo a SPTrans, a empresa que aciona o serviço paga diretamente às empresas de ônibus a hora e quantidade de ônibus utilizados.

A reportagem conversou com passageiros que sentiram falta do serviço nas estações Francisco Morato e Santo André. Em alguns casos, eles afirmaram não ter dinheiro para pegar coletivos da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), que são mais caros que o valor do trem.

Questionada, a CPTM afirmou que o aciona o Paese apenas "em casos de emergência e para cobrir a demanda pontual de um determinado trecho interrompido". A empresa disse ainda que a quantidade de passageiros levada pelos trens é muito elevada, o que exigiria uma frota bastante elevada de ônibus para substituí-los.

Além disso, a CPTM destaca que "são necessários funcionários nas estações para distribuição das senhas, administrar as filas, direcionar usuários e fazer controle e liberação dos ônibus. O número reduzido de funcionários durante a greve é direcionado para a operação e circulação dos trens de forma a diminuir os prejuízos aos passageiros".

Tanto a SPTrans quando a EMTU afirmaram que reforçaram o número de coletivos em suas linhas regulares para tentar minimizar o impacto da paralisação.

Editoria de Arte/Folhapress

FUNCIONAMENTO DAS LINHAS

LINHA 7-RUBI - Funciona apenas entre as estações Palmeiras-Barra Funda e Francisco Morato

LINHA 8-DIAMANTE - Funciona normalmente

LINHA 9-ESMERALDA - Funciona normalmente

LINHA 10-TURQUESA - Não funciona

LINHA 11-CORAL - Funciona entre as estações Guaianases e Luz

LINHA 12-SAFIRA - Não funciona

-

PARALISAÇÃO

A greve dos ferroviários foi decidida na noite de terça (2) por funcionários de dois dos três sindicatos da categoria. Apenas os trabalhadores responsáveis pelas linhas 8 e 9 continuam operando normalmente. Os demais devem fazer uma nova assembleia na tarde desta quarta para decidir se mantêm ou não a greve.

As linhas prejudicadas no início da tarde eram: a linha 7, com operação entre as estações Palmeiras-Barra Funda e Francisco Morato; a linha 11, operando entre as estações Luz e Guaianases; e as linhas 10 e 12, que estão totalmente paralisadas. Apenas as linhas 8 e 9 funcionam normalmente desde o início do dia.

Mais cedo, passageiros revoltados com a greve provocaram um tumulto na estação Francisco Morato, na região metropolitana de São Paulo. Um muro chegou a ser derrubado por vândalos e a Polícia Militar chegou a usar bombas de gás. Uma pessoa foi detida sob suspeita de provocar os atos de vandalismo.

A CPTM estima que aproximadamente 500 mil passageiros foram prejudicados pela paralisação no período da manhã. Os sindicatos farão uma nova assembleia na tarde desta quarta para decidir se mantém ou não a greve.

NEGOCIAÇÕES

Em negociação no TRT (Tribunal Regional do Trabalho), na tarde desta terça-feira (2), a CPTM fez duas propostas : a primeira de conceder reajuste de 7,72% nos salários e de 10% nos benefícios e a segunda de aumento de 8,25% nos salários e benefícios. Os trabalhadores pedem 9,29%. A inflação acumulada desde o último reajuste, em maio de 2014, foi de 6,65%, segundo o IPC/Fipe.

Em nota, a CPTM diz considerar "irresponsável" a decisão de entrar em greve. "Embora respeite o direito de greve, a CPTM ressalta que a paralisação do sistema prejudicará quase 3 milhões de usuários" que utilizam diariamente a rede de trens. A empresa tem cerca de 8.800 funcionários nas seis linhas.

Decisão liminar (provisória) concedida na semana passada pelo vice-presidente judicial do TRT-2, desembargador Wilson Fernandes, determina que, em caso de greve, 90% dos maquinistas e 70% dos demais funcionários trabalhem nos horários de pico (das 4h às 10h e das 16h às 21h) e que 60% atuem nos demais períodos.

Pelo descumprimento da decisão, a CPTM informou que já encaminhou ao TRT um pedido de abusividade da greve, aplicação de multa e julgamento de dissídio.

RODÍZIO

Apesar da paralisação, a CET (Companhia da Engenharia de Tráfego) informou que o rodízio não foi suspenso. Com isso, carros com placas final 5 e 6 não circulam no centro expandido de São Paulo, das 7h às 10h e das 17h às 20h.

De acordo com a companhia, o pior índice de congestionamento foi registrado às 8h30, quando a cidade teve 107 km de lentidão –o que representa 12,4% dos 868 km monitorados. Às 10h, o congestionamento na cidade era de 78 km de lentidão –dentro da média, que varia de 68 km a 94 km.


Endereço da página:

Links no texto: