Folha de S. Paulo


Após protestos, PM quer reocupar Alemão, no Rio de Janeiro

Após uma sequência de episódios de violência registrada nos últimos meses no Complexo do Alemão, e de três dias de protestos contra a morte de quatro moradores em apenas 24 horas, o governo do Estado do Rio decidiu promover uma reocupação da área para tentar pôr fim aos confrontos armados no conjunto de 12 favelas, da zona norte.

A reformulação nas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) da região está programada para começar na segunda quinzena de abril.

Segundo o major Marcelo Corbage, porta-voz das UPPs, o plano é retirar parte dos policiais especializados em polícia de proximidade, recrutas e recém-formados.

Os agentes das UPPs serão substituídos por policiais do COE (Comando de Operações Especiais), formado por agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais, do Batalhão de Choque, do Grupamento Aeromóvel e do Batalhão de Ações com Cães.

"Os policiais retirados vão passar por uma recapacitação técnica que engloba atendimento à população, táticas de mediação e atualização do treinamento", afirmou.

Fabio Gonçalves/Agencia O Dia
Terezinha Maria de Jesus e José Maria Ferreira de Sousa, pais do menino Eduardo, 10
Terezinha Maria de Jesus e José Maria Ferreira de Sousa, pais do menino Eduardo, 10

Existem quatro UPPs dentro do Complexo do Alemão (instaladas em 2012). O Comando da PM ainda não definiu se vai implementar a reocupação em todas e não disse se haverá uma substituição parcial ou total dos agentes.

Pelo terceiro dia consecutivo, moradores do Alemão protestaram contra a morte de moradores. O último deles foi o menino Eduardo de Jesus Ferreira, 10, atingido por uma bala de fuzil na cabeça diante de sua casa, na quinta (2).

Pouco mais de 200 pessoas se reuniram na manhã de sábado (4), em frente à Grota, uma das favelas do Alemão.

Houve um único momento de tensão com a chegada da mãe de Eduardo, a doméstica Terezinha Maria de Jesus, 40, que segurava um cartaz escrito "SOS CPX (abreviação de Complexo)". Ao ver os policiais, ela perdeu o controle.

"Assassinos. Vocês mataram o meu filho", repetia ela, que avançou na direção de um carro da PM, sendo contida por parentes. Segundo testemunhos de moradores, o tiro que matou Eduardo partiu do fuzil de um policial militar.

A PM afastou das ruas os policiais envolvidos na ocorrência, que vão responder a um Inquérito Policial Militar.

O vídeo abaixo, divulgado por moradores do Complexo do Alemão após a morte, contém imagens agressivas

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