Folha de S. Paulo


Moradores do Alemão fazem nova manifestação após morte de menino

Com bandeiras e balões brancos, além de muitos cartazes contra as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), moradores do Complexo do Alemão organizaram um protesto neste sábado (4) na Estrada do Itararé, no trecho da Grota, um dos principais acessos ao conjunto de favelas localizado na zona norte do Rio.

A morte do menino Eduardo de Jesus Ferreira, 10, foi lembrada pelos moradores, que fizeram discursos contra a violência na região.

Às 11h20, manifestantes, alguns em motos, seguiram por uma das pistas da Estrada do Itararé, onde estão os principais acessos ao Alemão.

Minutos antes, a mãe de Eduardo, Terezinha Maria de Jesus, 40, chegou ao local onde havia manifestação trazendo nas mãos um cartaz com a mensagem "SOS CPX (abreviação de Complexo)".

Ao ver os ver os policiais militares que monitoravam o protesto, Terezinha perdeu o controle.

"Assassinos. Vocês mataram o meu filho", repetia a moradora, que acabou sendo retirada do local por amigos e familiares.

Eduardo foi atingido por um tiro de fuzil na cabeça quando estava na porta de casa na tarde de quinta-feira (2).

A possibilidade de um policial ter sido o autor do disparo que matou o menino causou revolta entre os moradores, que organizaram protestos desde a noite em ele morreu.

Num vídeo registrado por moradores da comunidade, policiais armados com fuzis são responsabilizados pela execução de Eduardo no local onde estava seu corpo.

O vídeo abaixo, divulgado por moradores do Complexo do Alemão após a morte, contém imagens agressivas

Veja

OPERAÇÃO POLICIAL

Segundo a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), participam da operação policial no Complexo do Alemão policiais do Comando de Operações Especiais (COE).

O COE engloba o Batalhão de Choque da PM, o Batalhão de Operações Especiais Policiais (Bope), o Batalhão de Ações com Cães (BAC) e o Grupamento Aeromóvel (GAM).

Ainda de acordo com a CPP, a ação conta com o apoio de homens de outras unidades de polícia pacificadora, além de policiais do 3ºBPM (Méier), 16ºBPM (Olária) e 22ºBPM (Benfica).

O governo do Rio, em nota, informou que os policiais envolvidos na ocorrência da morte de Eduardo foram afastados e tiveram as armas recolhidas para perícia.

A Secretaria de Segurança do Rio informou que as ações das forças especiais no Complexo do Alemão estão sendo avaliadas em um centro de comando e que, se for necessário, poderá ser feita uma nova ocupação completa da área.

O conjunto de favelas foi ocupado em novembro de 2010 por forças de segurança, incluindo policiais, militares do Exército e fuzileiros navais. Em 2012, foram instaladas 4 UPPs.

PROTESTOS

Na sexta-feira (3), um protesto de moradores da comunidade foi dispersado pela Polícia Militar com bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo.

Na quarta-feira (1º), outras três pessoas foram mortas no Alemão. A comunidade é palco de tiroteios diários desde o início do ano.


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