Folha de S. Paulo


Mãe acusa polícia por morte de filho de 10 anos no Rio

A doméstica Terezinha Maria de Jesus, 40, acusou nesta sexta-feira (3) a polícia de ter matado o seu filho na porta de casa no Complexo do Alemão, zona norte do Rio. Eduardo de Jesus Ferreira, 10, morreu na tarde de quinta (2) com um tiro de fuzil na cabeça durante operação do Batalhão de Choque da PM na comunidade.

"Foi a polícia que matou o meu filho. Não houve tiroteio. É uma mentira que teve confronto", afirmou Terezinha.

O garoto de 10 anos foi a quarta vítima fatal no Alemão em 24 horas.

Fabio Gonçalves/Agencia O Dia
Terezinha Maria de Jesus e José Maria Ferreira de Sousa, pais do menino Eduardo, 10
Terezinha Maria de Jesus e José Maria Ferreira de Sousa, pais do menino Eduardo, 10

A morte ocorreu na localidade identificada como Areal. Num filme registrado por moradores da comunidade, policiais armados com fuzil são acusados pela execução da criança. O menino vestia apenas um calção azul e estava sem camisa.

Terezinha disse que quer deixar o Alemão. "Quero justiça e depois eu vou embora para a minha terra [o Piauí]. Não quero ficar nesse lugar maldito, eu vou sair daqui", disse. A doméstica quer sepultar o corpo do seu filho no Piauí.

Na noite de quinta, moradores da comunidade realizaram um protesto com velas na região, onde Eduardo foi morto.

Na quarta, outras três pessoas foram mortas no Alemão. O corpo de Elizabeth de Moura Francisco, 40, será sepultado nesta sexta no Rio. Os familiares dela também acusam policiais pela morte. Ela foi atingida por um tiro no rosto dentro de casa. A filha de Elizabeth também foi ferida, mas não corre risco de morte.

O Complexo do Alemão é palco de tiroteios diários desde o início do ano.

Em entrevista à Rádio CBN, o major Marcelo Corbage, porta-voz da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), lamentou a morte do menino e disse que a corregedoria da PM vai ouvir os policiais envolvidos na ação para apurar responsabilidades.

Ele disse que a morte de Eduardo é "consequência da ação dos marginais da área, que aumentam a tensão."

O vídeo abaixo, divulgado por moradores do Complexo do Alemão após a morte, contém imagens agressivas

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