Folha de S. Paulo


Retirada máxima de água do Cantareira é reduzida

As retiradas máximas de água do sistema Cantareira para o mês de abril foram reduzidas em 500 litros por segundo para a Grande São Paulo e para a região de Campinas.

O objetivo da medida é aumentar o volume dos reservatórios para o período de estiagem, que se inicia neste mês, e evitar um desabastecimento.

A decisão consta de comunicado conjunto divulgado nesta quinta (2) pelos governos estadual e federal, por meio de suas agências reguladoras de saneamento.

Atualmente, o Cantareira opera com a primeira cota do volume morto, situação bem pior que a do mesmo período do ano passado, quando ainda tinha o volume útil.

A Sabesp poderá retirar até 13 m3/s (antes era 13,5 m³/s) para abastecer os cerca de 5,6 milhões de pessoas na zona norte e partes das zonas leste, oeste, central e sul da capital.

Antes da crise hídrica, a empresa de saneamento do Estado atendia cerca de 9 milhões de pessoas na Grande São Paulo, e as retiradas de água chegavam a 33 m3/s.

Para a região de Campinas, a retirada de água ficará limitada a 1,5 m³/s. Se houver necessidade de mais água para ambas as regiões, os pedidos poderão ser feitos às agências.

O comunicado também fixa a retirada mínima. Para a Grande São Paulo, não deve ser menor que 9,5 m3/s. Para a região de Campinas, o piso é 0,5 m3/s.

A regra garante mais tranquilidade para a Sabesp e para as empresas de saneamento, como a Sanasa, em Campinas. Se não chover, elas têm a retirada máxima garantida.

ACORDO

O comunicado saiu após um acordo entre a ANA (Agência Nacional de Águas), do governo federal, e o Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), do Estado, finalizado na tarde desta quinta.

Até o começo da semana, o presidente da ANA, Vicente Andreu, cobrava uma definição por parte do Daee, que estava resistente em aceitar a proposta de reduzir para 11 m³/s a retirada máxima para a Grande São Paulo.

Na quarta (1º), técnicos da ANA e do Daee se reuniram numa teleconferência para discutir a redução das retiradas de água no Cantareira, mas não houve acordo.

Em ofício encaminhado na semana passada à direção do Daee, o presidente da ANA cobrou ainda a criação de uma metodologia de operação do volume morto do Cantareira para o período da estiagem que se inicia.

A medida visa impedir o caos hídrico registrado no ano passado, quando Campinas teve de suspender a captação devido o baixo nível do rio Atibaia e à alta carga de poluentes em razão da menor liberação do Cantareira.

Andreu também quer que o Daee apresente propostas das vazões a serem retiradas para a Grande São Paulo devido às "incorporações" das ações que estão sendo desenvolvidas pela Sabesp e o governo para suprir a demanda.

Procurada, a direção do Daee não se manifestou sobre o assunto.


Endereço da página: