Folha de S. Paulo


Grupo faz bicicletada para protestar contra suspensão das ciclovias em SP

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"Retrocesso", "perplexidade" e "indignação" foram algumas das palavras usadas por ciclistas, que se reuniram numa "bicicletada" na noite desta sexta-feira (27), para se referir à decisão da Justiça de suspender as obras das ciclovias em São Paulo.

O encontro começou por volta das 18h na praça do Ciclista, na avenida Paulista, região central da capital. "O ponto central é que a ação [do Ministério Público] paralisa a política de Estado de mobilidade por bicicleta", disse Cyra Malta, 48, do coletivo Pedal Verde, da zona oeste.

Alguns ciclistas consideraram que a ação, movida pelo Ministério Público, em vez de garantir a segurança de quem anda de bicicleta, criou um ambiente propício para que motoristas refratários às mudanças sejam hostis.

Além disso, disseram suspeitar que a paralisação das obras tenha motivação política, num boicote a uma das principais medidas do prefeito Fernando Haddad (PT).

"Tem motorista gritando: 'Aproveita a ciclovia agora, porque vai acabar'", disse o cicloativista e professor de direito Odir Züge Jr., 45. "Está todo mundo perplexo com o Ministério Público. A gente esperava intervenção para melhorar, não para desfazer as ciclovias", queixou-se.

"Parece que agora estamos usurpando o espaço. [Motoristas] Buzinam, gritam: 'Vai pra Cuba'", disse o fotojornalista Paulo Preto, 48. Para ele, conforme aumentaram as políticas para as bicicletas, o ódio ao ciclista aumentou.

Mas há quem diga que, hoje, a situação de convívio está melhor que alguns anos atrás, como o diretor do instituto Ciclo BR, Felipe Benevides, 29.

Os ciclistas aproveitaram a "bicicletada" que acontece toda última sexta-feira do mês para fazer o protesto. Vários coletivos participaram, como Pedal Paulista (da zona sul), Pedal ZN (da zona norte), Bike Party, Pedalinas, além de grupos que fazem entregas com bicicleta.

A multidão saiu pedalando pela avenida Paulista, sentido Paraíso, por volta das 20h10. Muitas pessoas levavam cartazes e faixas com a frase "Vai ter ciclovia", lembrando a campanha "Não vai ter Copa", do ano passado.

Elas não tiveram tempo de ser avisadas de que, durante o evento, o Tribunal de Justiça de São Paulo informou que o presidente do órgão, José Renato Nalini, derrubou a liminar que impedia a implementação de ciclovias na cidade. Com isso, as obras promovidas pela prefeitura podem ser retomadas.

JUSTIÇA

As obras de ciclovias estão suspensas em toda a cidade desde a semana passada, após uma decisão judicial liminar (provisória) apontar falta de planejamento para a criação da malha cicloviária. A única exceção é a ciclovia da avenida Paulista, que continua em obras.

A prefeitura fez um pedido de reconsideração e mitigação para retomada dos trabalhos de implantação de ciclofaixas e ciclovias em canteiros centrais e em locais onde não se verifique a supressão de faixa de rolamento, que também foi negado nesta semana.

Na decisão que rejeita o pedido de reconsideração e mitigação da liminar, o juiz Luiz Fernando Rodrigues Guerra voltou a destacar a ausência de estudo aprofundado. Agora, a decisão dele foi derrubada.


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