Quando Tércio Mariano de Rezende entrou para o "Guiness" como o jogador de futebol mais velho do mundo, em 2007, a comemoração foi tamanha que o senhor, então com 85 anos, caiu da própria altura e quebrou o pescoço.
O acidente foi sério: "Terção", como era chamado pelos torcedores do Goiandira Futebol Clube, quase ficou paralítico. Mas nada que o impedisse de, um ano mais tarde, voltar aos gramados.
Entrou em campo pela última vez aos 92 anos, oito meses antes de morrer.
Na cidade de Goiandira (a 260 km de Goiânia), era ídolo: só podia sair do estádio após atender à fila de crianças que pediam autógrafos.
Embora tenha jogado por mais de sete décadas, não ganhou dinheiro com o futebol. Para criar a família, trabalhou a vida toda como pecuarista.
Depois que Terção fez 80 anos, os parentes passaram a pedir aos adversários que pegassem leve com ele dentro de campo. O conselho, contudo, não valia para o próprio vovô, que não economizava nas divididas de bola.
É lembrado pela fama de brincalhão. "Eu dizia que tinha três filhos: meus dois mais meu pai, em quem eu também precisava ficar de olho para não aprontar", recorda o filho Ênio.
Na família, só o neto André Luiz seguiu profissionalmente a paixão do avô. "Ele tinha um ombro deslocado, jogava enfaixado. Eu chegava mais cedo porque gostava de enfaixar o braço dele", lembra.
Tércio morreu no domingo (15), aos 93, de complicações de saúde decorrentes da idade. Deixa a mulher, Nilza, os filhos, Ênio, José Adolfo, Tânia e Tércio Jr., e dez netos.