Folha de S. Paulo


Acordo fracassa e greve dos garis continua no Rio

A greve dos garis do Rio de Janeiro, que poderia chegar ao fim na quinta (18), irá prosseguir depois que uma audiência na Justiça do Trabalho terminou sem acordo entre os empregados e a empresa que tem a concessão da limpeza das ruas da cidade, a Comlurb (Companhia de Limpeza Urbana do Rio).

Segundo os garis, antes da reunião eles pediam 40% e a Comlurb oferecia 7%. Na negociação, os trabalhadores chegaram a dizer que aceitariam um reajuste entre 10% e 15%, mas a empresa aumentou a oferta em um ponto percentual. A Comlurb não atendeu a reportagem para falar sobre a última negociação.

A paralisação começou na quinta (12) e, segundo a empresa, tem a adesão de metade dos empregados. Além de garis, também entraram em greve trabalhadores de poda de árvores e da preparação de alimentos da rede municipal de creches e escolas.

Enquanto a greve continua, os dois lados tentam conquistar a simpatia dos moradores da cidade. Os garis publicaram uma carta pública, explicando os motivos da paralisação e pedindo apoio. E a Comlurb implementou um plano de contingência, contratando empresas terceirizadas de limpeza.

Mas a coleta de lixo não está acontecendo da mesma forma. A zona norte da cidade está sendo menos atendida do que o normal.

A família da estudante Jéssica Lima, 21, do Méier, reclamam da pilha de lixo que se formou em frente a sua casa. Eles dizem que sempre há acúmulo de entulho e lixo no ponto, mas que, com a greve, a situação piorou. "Estamos deixando as janelas fechadas, por causa do cheiro, e as portas vedadas, por causa dos ratos", relata.

No mesmo bairro, o gerente de açougue Alex Roxo, 43, diz ter receio de que os clientes pensem que o cheiro é do estabelecimento, e não da rua.

Na padaria em frente ao açougue também estão com medo de perder clientes, diz o Sydnei Borges, 64. Ele e os funcionários estão tomando precauções para que os animais não entrem no recinto e espantem os clientes. Ele faz uma crítica aos grevistas: "Estão cerceando a liberdade de quem quer trabalhar".

Durante a greve, pelo menos 15 trabalhadores da Comlurb que não aderiram registraram boletins de ocorrência de agressões. Os grevistas dizem não terem sido os autores, mas a empresa os acusa de usar "violência e ameaças para impedir a entrada de trabalhadores nas gerências ou para parar os caminhões nas ruas próximas e forçar o retorno às garagens".


Endereço da página:

Links no texto: